O antigo selecionador de râguebi Tomaz Morais considerou hoje que a profissionalização e a massificação são essenciais para o desenvolvimento da modalidade em Portugal, lembrando também a necessidade de mais apoios financeiros.

“Já digo isto há mais de 20 anos: sem râguebi profissional, é impossível manter uma consistência competitiva e Portugal tem que ir à procura dessa consistência”, afirmou Tomaz Morais, durante o lançamento do livro ‘Rugby – Análise do Jogo’, que escreveu com Luís Vaz.

O antigo selecionador, que orientou a equipa portuguesa que marcou presença no Mundial de 2007, destacou os resultados conseguidos pela seleção nacional no Mundial, que ainda decorre em França, no qual os Lobos somaram a primeira vitória lusa naquela competição, ao imporem-se às Ilhas Fiji, por 24-23.

“Diria que empatar um jogo no Mundial é especial. Empatar um jogo e ganhar às Ilhas Fiji no Mundial é, realmente, heroico e épico. Estamos a viver uma alegria imensa e penso que a partir de domingo há uma nova vida no râguebi português e há também um elevar de fasquia, que era uma coisa que se procurava há muito tempo”, salientou.

Tomaz Morais considera que a atitude dos jogadores portugueses, que no Mundial empataram com a Geórgia e perderam com País de Gales e Austrália, “foi exemplar” e deixa a toda a família do râguebi a “responsabilidade de continuar o processo”.

“Acho que o futuro do râguebi vai ser risonho. Portugal tem muitíssimo bons jogadores a jogar aqui no campeonato nacional, e também tem muitos bons jogadores a jogar nos campeonatos profissionais em França, como vimos durante o Mundial. Agora, é dar continuidade a um processo e elevá-lo”, disse.

“Apostámos de uma forma até profissional em alguns aspetos, naquilo que foi a elevação do jogo português. Tivemos equipas melhores do que a de 2007, mas, por uma coisa ou por outra, não conseguimos a qualificação”, notou.

O atual diretor do futebol de formação do Sporting referiu, no entanto, a necessidade de tentar fazer algo que não se conseguiu fazer em 2007: “A massificação do jogo e, ao mesmo tempo, o aumento das infraestruturas desportivas em escala”.

Tomaz Morais considerou também essencial a reposição de apoios governamentais e internacionais da World Rugby, e desafiou as empresas privadas a “associarem os seus valores empresariais aos valores do râguebi e a aparecerem a apoiar a modalidade”.

O antigo selecionador e jogador classificou a obra ‘Rugby – Análise do Jogo’ “como um livro pedagógico e muito académico, para quem quer conhecer realmente o râguebi de uma forma mais profunda”.

“Acho que é um livro que ficará para sempre para aqueles que querem estudar o râguebi numa fase inicial e depois também numa fase intermédia. Se calhar, este livro é uma semente para coisas que podem vir a seguir, o râguebi precisa de obras que fiquem e foi um bocadinho essa a ideia do Luís, e eu dou-lhe os parabéns”, referiu.

Tomaz Morais explicou que o livro, editado pela Quântica Editora, foi escrito durante a pandemia de covid-19, e surgiu do desafio lançado por Luís Vaz, de ambos partilharem “documentos de estratégia sobre a modalidade”.

Na sessão de apresentação do livro, que decorreu no Comité Olímpico de Portugal (COP), o presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), Carlos Amado da Silva, também defendeu a necessidade de “mudar a faceta do amadorismo total”.