O impacto mediático das ondas gigantes da Nazaré gerou, entre 2011 e 2014, um retorno económico superior a 10 milhões de euros, segundo as conclusões de um estudo da Fundação Gulbenkian hoje divulgadas.
O estudo, feito no âmbito da iniciativa Gulbenkian Oceanos, concluiu que “o impacto económico estimado das ondas gigantes é de 10,4 milhões de euros” gastos na Nazaré por turistas nacionais e estrangeiros entre os anos de 2011 e 2014.
O trabalho, divulgado hoje, analisou os impactos gerados pelo North Canyon, um projeto de três anos, iniciado em 2010, protagonizado pelo surfista havaiano Garrett McNamara e desenvolvido pela Nazaré Qualifica.
O objetivo era promover a Nazaré internacionalmente como destino turístico de referência para a prática dos desportos de ondas grandes e filmar três documentários que registavam a atividade desportiva de Garrett McNamara e o quotidiano da vila.
O estudo, apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, concluiu que, sem o projeto, no mesmo período, os ganhos com o turismo não teriam ultrapassado os 7,8 milhões de euros. Conclui ainda que as ondas geraram impactos entre os 32% e os 41% na receita total das unidades hoteleiras da vila, onde se verificou um aumento do número de turistas nacionais e estrangeiros.
“A campanha lançada na Nazaré em 2010 teve um impacto considerável na economia local, fazendo diminuir a sazonalidade e tendo, possivelmente, beneficiado os municípios adjacentes”, refere o estudo cujos autores consideraram que os resultados “poderão inspirar outros municípios que enfrentem desafios semelhantes”.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, afirmou que os resultados do estudo “vem confirmar a pertinência da política seguida pelo executivo”, que em 2013 tomou posse, herdando “a mediatização resultante do recorde batido por Garrett McNamara” em 2011, quando surfou na praia do Norte a maior onda do mundo.
“Houve uma aposta muito forte nesse ativo” como fonte de atração para a Nazaré “de eventos desportivos ligados ao mar e às ondas que levaram a esse impacto económico”, sustentou o autarca, acrescentando que os dados recolhidos pela Câmara nos últimos anos reforçam ainda mais “o crescimento desses impactos”.
Nomeadamente, exemplificou Walter Chicharro, o aumento do número de passageiros do ascensor da Nazaré, que se cifrava em 2013 em 600 mil pessoas e que atingiu, em 2016, “900 mil pessoas”, apesar de o ascensor ter estado fechado dois meses para manutenção.
A expectativa da autarquia é de que, em 2017, o número de passageiros transportados registe “um aumento de 20 a 30% em relação a 2016”, acrescentou o presidente.
As entradas no Forte de S. Miguel, sede do projeto e monumento icónico das ondas gigantes, “são outro dos indicadores que espelham a justeza da aposta”, disse o autarca, quantificando que o forte teve, desde 2015, 400 mil visitantes e que “só este ano, até ao dia 07 de setembro, atingiu 121 mil visitantes”.
O impacto nas zonas é ainda sentido, segundo Walter Chicharro, nas vendas do material promocional com a marca Praia do Norte (onde se verificam as ondas gigantes), cujas duas lojas deverão atingir este ano 100 mil euros de vendas.
A par, adiantou ainda Walter Chicharro, “o surf de ondas grandes tem gerado novos negócios”, quer na área da hotelaria e turismo quer ligados ao surf.
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