O surfista havaiano de ondas gigantes, e ex-recordista mundial na Nazaré, Garret McNamara revelou hoje que prefere ser lembrado no futuro como um "guerreiro ecológico" na defesa do planeta, do que pelos feitos alcançados em cima de uma prancha.

"Prefiro ser lembrado como um ‘eco warrior' [guerreiro ecológico] do que como surfista de ondas gigantes", afirmou McNamara durante um evento ‘online' da Mercedez-Benz, marca da qual é embaixador, e que hoje promoveu um debate sobre sustentabilidade.

O atleta de 53 anos, que surfou uma onda de 23,77 metros em 01 de novembro de 2011, na Praia do Norte, batendo então o recorde mundial do Guinness, recordou a primeira vez que veio a Portugal e se deparou com o ‘canhão' da Nazaré.

"Não sonhava vir a Portugal. Para ser sincero, nem conhecia o país, nem sabia se pertencia a Espanha ou se ficava nalguma parte de Marrocos. Quando chegámos a Portugal, não tínhamos expectativas. Mas fui ao farol da Nazaré e vi as maiores ondas da minha vida", afirmou, destacando a mudança drástica que a vila piscatória conheceu nos últimos anos graças às suas ondas gigantes.

Segundo McNamara, que agora passa seis meses por ano em Portugal e outros seis no Havai, a onda que lhe valeu o recorde do mundo deu uma notoriedade enorme ao país, que passou a figurar no mapa dos destinos com ondas gigantes, e trouxe um grande desenvolvimento à Nazaré.

"Em 2010, se eu dissesse a alguém que as maiores ondas do mundo eram em Portugal, ninguém acreditava. E se disse que a Mercedes ia construir um ‘lounge' [espaço] ecológico no porto de abrigo da Nazaré, iam dizer que eu estava louco. Mas agora é tudo realidade", assinalou.

Por seu turno, o presidente da Mercedez-Benz Portugal, Holger Marquardt, que também participou na iniciativa, apresentando o caminho que a nova marca Mercedes EQ (veículos 100% elétricos) iniciou em direção à neutralidade carbónica, explicou a ligação da marca alemã com McNamara e a Nazaré.

"O desporto pode mudar o mundo. As ondas grandes da Nazaré representam todo o poder da Natureza", salientou, garantindo o compromisso da Mercedes com a responsabilidade ecológica, social e económica e apontando para o projeto Ambition 2039, que prevê a neutralidade carbónica da Mercedes EQ.

Já Jorge Aguiar, diretor de marketing e comunicação da Mercedez-Benz Portugal, realçou que a fabricante alemã já apoia Garrett McNamara há mais de 10 anos, e que o Mercedes EQ Lounge, na Nazaré, é um espaço autossustentável que visa reforçar o seu compromisso com o surf e a sustentabilidade.

"Queremos que este seja um espaço aberto à comunidade, em que se promova a consciência ambiental através de variadas iniciativas", sublinhou o responsável, destacando que, ao longo dos últimos anos, a Mercedes produziu as pranchas para ondas gigantes que McNamara usa.

"Tive pranchas de todas as outras marcas e não há nenhuma prancha como as da Mercedes", garantiu o surfista havaiano, apontando para a segurança extra que as mesmas proporcionam em cenários extremos.

McNamara confessou, em jeito de brincadeira, que a tecnologia desenvolvida pela Mercedes para os ‘big riders' é tão boa, que tinha a tentação de a preservar só para si, mas, uma vez que acredita que a segurança que oferecem pode fazer a diferença entre a vida e a morte de um surfista, a tecnologia envolvida já foi partilhada como a restante comunidade das ondas gigantes.

Num debate centrado na sustentabilidade, e quando se aproxima o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, em Portimão, (02 de maio), a Lusa questionou os responsáveis da Mercedes sobre o impacto desta modalidade sobre o meio ambiente, e quais os planos da marca para a F1, que tem dominado nos últimos anos quer a nível de pilotos, quer a nível de construtores.

"Estou em crer que a F1 vai evoluir muito, no caminho da Fórmula E (monolugares elétricos), que é amiga do ambiente. Vai haver também uma jornada nessa direção", frisou Holger Marquardt, que já tinha defendido que não é possível passar imediatamente dos motores de combustão para os 100% elétricos, e que se adivinha ainda uma "longa viagem" até tal acontecer, que passa necessariamente também pelos veículos híbridos.

Jorge Aguiar alinhou no mesmo diapasão, dizendo que "é na F1 que é testada a tecnologia híbrida", e que a modalidade é um "banco de ensaios tecnológicos" para as fabricantes, mas também considerou que "as marcas vão evoluir para a FE".