O nome da discórdia pode ser o mesmo, mas o novo Estoril Open, cujo quadro principal arranca na segunda-feira, marca um antes e um depois na história do único torneio português na ‘primeira divisão’ do ténis mundial.
Desengane-se quem pensa que este Estoril Open é uma continuação – uma 26.ª edição – do seu antecessor. É certo que a designação é a mesma que o torneio, anteriormente realizado por João Lagos, tinha até há dois anos, mas nada é igual.
Nem o palco (adeus Complexo do Jamor, olá Clube de Ténis do Estoril), nem a dimensão (os cerca de 6.000 lugares foram reduzidos para pouco menos de 4.000), nem o diretor (agora é João Zilhão), nem mesmo o conceito.
Mas para chegar aqui, ao novo Estoril Open, mais intimista e ‘familiar’ e com sessões noturnas, o caminho foi longo, atribulado e incerto.
Depois de anos de dificuldades financeiras, em que a palavra ‘fim’ ameaçou por diversas vezes o único torneio ATP português, João Lagos sucumbia às evidências e, num gesto de desespero, deixava cair, em outubro de 2014, o quadro feminino, numa “decisão estratégica” para “concentrar todos os recursos” na prova masculina.
Os alarmes soaram com mais força. A despedida do quadro feminino – era conhecido o orgulho que o empresário tinha pelo ‘seu’ torneio ser um dos poucos mistos no circuito do ténis – adensava a crise, agravada desde 2013, quando, por sugestão de Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros, o Estoril Open se tornou Portugal Open.
A mudança de nome, apresentada como a melhor notícia de sempre da prova, acabou por nada trazer de bom. Em 2014, sem apoio do Turismo de Portugal, mas com o estatuto de utilidade pública, João Lagos voltou a dizer que o torneio estava em perigo, por falta de cerca de dois milhões de euros num orçamento global de 3,5 milhões.
Apesar das dificuldades da João Lagos Sport, acentuadas após a entrada no Tribunal do Comércio de Lisboa de dois pedidos de insolvência da sociedade organizadora da prova, o Portugal Open foi garantido a cerca de um mês do início, celebrando as suas bodas de prata.
Lagos desdobrou-se em esforços, mas sem garantias de financiamento, e a 18 de novembro anunciou, “com infinita tristeza”, que não tinha reunido as condições necessárias para realizar o torneio.
Depois de Lagos ter perdido a licença de organização do torneio, a ATP procurou compradores para a mesma, de modo a manter a competição em Portugal.
‘Rios de tinta’ correram, com suposições e especulações, até que, a 04 de fevereiro, a 3Love, uma empresa que nasceu da conjugação de esforços da U.Com, empresa sedeada na Alemanha especializada na comunicação e organização de eventos, do empresário holandês e ex-tenista Benno Van Veggel e da Polaris Sports, do empresário Jorge Mendes, apresentou o sucessor do ‘enterrado’ Portugal Open.
Ao mesmo tempo que decorria a conferência de imprensa de apresentação do torneio que, agora sim, se realiza no Estoril (o Complexo do Jamor faz parte do município de Oeiras), João Lagos requeria o registo da marca Estoril Open.
O gesto do empresário seria o primeiro capítulo da novela provocada pela luta pelo nome do torneio, com sucessivos pedidos ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que ainda está longe de estar resolvida e que pode arrastar-se durante vários meses.
Decida o que decidir o INPI, já ninguém muda o nome a este torneio. O novo Estoril Open está jà em marcha e vai permitir ver os grandes nomes do ténis, entre segunda-feira e 03 de maio, no Clube de Ténis do Estoril.
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