A velejadora Vasileia Karachaliou chorou hoje após confirmar o apuramento olímpico para Portugal na classe ILCA 6, com direito a ‘medal race’, contudo não foram lágrimas de alegria, antes de angústia.

“Não estou muito contente. Estou, claro, feliz por qualificar Portugal, mas não com a situação que vivo. Ainda não sou portuguesa nem sei quando serei. Vivo em incerteza e não sei como será o futuro”, desabafou, em declarações à Lusa.

A grega, que compete por Portugal mediante uma licença especial da federação internacional da modalidade (World Sailing), só poderá representar o país caso seja cidadã nacional até março de 2024, caso contrário a vaga olímpica irá para outra nação.

“Nada sei. Ninguém me contacta ou informa de nada. Estou sempre online a tentar perceber se há novidades, a rezar para que o processo avance em breve. Para, enfim, poder ter uma preparação decente para os Jogos Olímpicos. É angustiante viver nesta indefinição”, complementa.

Vasileia, vice-campeã da Europa este ano, recorda que para poder chegar às medalhas em Paris2024, como é o seu objetivo, não pode continuar com condições de treino tão díspares em relação às suas principais rivais, sendo que a sua situação é também influenciada pela indecisão quanto à sua naturalização.

“Sou sempre top 10, estou sempre na luta pelas medalhas. Cada velejador de topo tem psicólogo, nutricionista, treinador… Tudo ajuda. E eu estou aqui sem nada. Estou muito triste, já foi igual no evento teste para Paris2024”, lamentou, considerando ainda ser complicado uma desportista da sua valia partilhar técnico com “outros quatro ou cinco velejadores, com objetivos distintos”.

Para acentuar as diferenças, revela que boa parte das suas mais cotadas adversárias já tem treinado em Marselha, cidade que vai receber a vela nos Jogos, pelo que o seu desespero vai crescendo à medida que não vê a sua situação evoluir.

Quando aos Mundiais, deplorou a primeira regata falhada de hoje, com falsa partida, que a impediu de se aproximar das cinco primeiras, pelo que domingo, na ‘medal race’, a matemática apenas lhe permitirá lutar até ao sexto lugar mundial.

“Foi um Campeonato do Mundo duro, com muitos altos e baixos para muitos velejadores, incluindo para mim, que tenho estado doente. Tive uma intoxicação alimentar e estou há três dias com diarreias, o que não é o ideal num Campeonato do Mundo. Ainda assim, sobrevivi e estou pronta para dar o meu melhor na ‘medal race’”, vincou.

Além da vaga em ILCA 6 conseguida por Vasileia Karachaliou, Portugal assegurou ainda presença em Paris2024 nas classes ILCA 7, por Eduardo Marques, e em 470, por Diogo Costa e Carolina João.

Os Mundiais de vela reúnem, até domingo, cerca de 1.400 competidores de 81 países em Haia.

Na capital dos Países Baixos começa a qualificação para Paris2024, sendo que, posteriormente, há um período de repescagem europeu – datas e locais distintos para as diferentes classes –, antes de um último evento, mundial, em França, para atribuição dos derradeiros ingressos.