O velejador João Rodrigues disse hoje que pretende realizar a inédita travessia em 'windsurf foil' entre a Madeira e o Porto Santo, nos dois sentidos, como uma "homenagem" aos 600 anos do descobrimento do arquipélago.

"Trata-se de uma homenagem a todos os que fizeram ligações ao longo dos 600 anos. Ninguém fez esta travessia em prancha ou caiaque nos dois sentidos", afirmou à agência Lusa, revelando um significado "muito emotivo" por ter feito a ligação em um sentido com o irmão mais velho em 2004: "Há muito por explorar. Poder fazer nos dois sentidos é algo que me fascina."

A fase é de espera para um dia que tenha condições favoráveis para que a prova decorra, sendo que o problema não é o vento, mas sim as ondas.

"Estamos na fase de escolher o dia mais propício para a realização da travessia. Amanhã [quinta-feira] seria uma boa opção, mas o tempo vai estar agressivo e o material é novo e pensado para um mar liso", adiantou.

A segunda-feira perspetiva-se como o próximo dia ideal, até porque, na terça-feira, a situação vai complicar-se com a chegada de mais ondulação, em virtude do furação 'Dorian', o que faz com que hajam "poucas janelas de oportunidade" para o velejador, que se encontra na Madeira até 17 de setembro, e que também vê no mês de novembro "dias incríveis".

João Rodrigues, o atleta português que tem mais presenças em Jogos Olímpicos (sete), foi campeão do mundo na classe Raceboard, em absolutos, em 2018, e espera preparar a prancha, que recebeu há um ano, para os Jogos de 2024.

O 'windsurf foil' foi explicado, desde os apêndices no final da quilha da prancha, além das asas colocadas para que a prancha não toque na água e, assim, dê estabilidade.

"Vamos sempre a voar. As asas têm de estar sempre dentro da água. Basta meia asa fora e torna-se impossível de prosseguir", comentou.

A velocidade máxima é de 19 nós contra o vento e 23 à popa, o que é "possível", mas as ondas abrandam, por isso, o pretendido é de entre 15 e 16 nós contra o vento e uma média de 20 à popa.

João Rodrigues destacou também os apoios e contou que os patrocínios e toda a logística foram conseguidos em apenas sete minutos.

"Isto tudo envolve custos, com as embarcações e o combustível. Se não fossem os apoios, nada disto era possível, por isso, é muito gratificante", reconheceu.