O piloto português Miguel Oliveira tinha como objetivo melhorar a aerodinâmica e o controlo eletrónico de tração da KTM nos dois dias de testes de pré-temporada do Mundial de velocidade de motociclismo, que hoje terminaram na Malásia.
“Basicamente, tentámos ter uma relação diferente com o pneu de trás. Na época passada, sentimos, muitas vezes, que éramos prejudicados pelos pneus novos, não conseguíamos tirar partido da aderência. Era algo relacionado com o funcionamento da eletrónica. Mais relativo ao software do que com o hardware. Também há diferenças na aerodinâmica”, explicou o piloto português, numa conferência de imprensa virtual realizada após o segundo dia de testes, este domingo, encurtado devido à chuva que se abateu sobre o circuito de Sepang.
Miguel Oliveira salientou que o objetivo é “ser mais rápido e controlar melhor a mota quando o pneu está gasto, ter mais velocidade na qualificação e ritmo de corrida”.
Depois de ter sido 16.º na véspera, hoje o piloto português, de 27 anos, baixou em cerca de 1,2 segundos o tempo realizado no sábado, terminando com 1.58,701 minutos, a 0,570 segundos do mais rápido, o italiano Enea Bastianini (Ducati).
O piloto de Almada disse ainda que parte do trabalho realizado envolveu um novo pacote aerodinâmico.
“Agora começamos a ter muitos testes para este aspeto. É importante ir mais depressa, que a mota fique mais estável e tirarmos partido da potência que temos. Queremos acelerar o quanto antes mas, agora, também vemos que podemos parar mais depressa”, disse.
A KTM tem três conjuntos de aletas (asas laterais) disponíveis e caberá, agora, aos pilotos decidir quais as mais eficazes.
“Com as aletas temos mais ‘downforce’. Ainda falta decidir que aletas vamos usar. Até ao Qatar já não vamos ter muito tempo”, lembrou Oliveira.
No entanto, a maior carga aerodinâmica conferida às motas torna o conjunto menos ágil.
“A mota parece mais pesada, não é tão ágil como esperado. Temos de trabalhar noutras áreas como a geometria e a altura para compensar. Não é fácil. Por isso é que requer tempo”, explicou, revelando ter feito séries de voltas especificamente para testar os diferentes pacotes aerodinâmicos.
Sobre a incorporação do italiano Francesco Guidotti como novo diretor desportivo da equipa, o piloto português garante que “está por dentro de tudo o que se passa na box”.
“O Francesco está a tentar integrar-se na equipa. Agora sente-se em casa com todos, e isso é bom. Já conhecia o [austríaco] Mike [Leitner] – anterior responsável técnico – há mais tempo e falávamos mais de pormenores técnicos do que falo agora com o Francesco”, contou Miguel Oliveira, que diz acreditar que Guidotti “será um elemento valioso para a equipa”.
O piloto luso sublinhou, ainda, que a mota deste ano tem margem de progressão.
“Apesar de o resultado estar longe de onde posso estar, ficar a meio segundo com margem para melhorar deixa-nos a acreditar que temos uma boa mota para começar esta temporada”, disse.
Agora, a caravana de MotoGP segue para a Indonésia, onde sexta-feira arranca nova bateria de testes, num circuito novo, em Mandalika.
“Vamos para a Indonésia, onde vamos conhecer um circuito novo, tentaremos continuar a desenvolver a mota para estarmos prontos para a primeira ronda no Qatar”, concluiu.
O campeonato arranca em 28 de março, no circuito qatari de Losail.
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