O percurso de Gonçalo Henriques tem sido feito a toda a velocidade e a estreia no Campeonato de Portugal de Ralis comprovou o estatuto como uma das maiores promessas da modalidade, a nível nacional. No passado dia 28 e 29 de março, o jovem piloto de Vila Nova de Poiares impressionou com o terceiro lugar alcançado no Rallye Casinos do Algarve 2025, tendo sido o melhor português em prova.

Depois de se ter sagrado bicampeão nacional em 2RM (duas rodas motrizes), em 2023 e 2024, Gonçalo Henriques ascendeu ao topo dos ralis em Portugal para integrar o projeto da Hyundai com a FPAK (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting). Na zona sul do país materializou a primeira de três oportunidades, nesta época, e mostrou que o sangue novo tem competência suficiente para desafiar os mais experientes.

Ao lado de Inês Veiga, sua navegadora, só foram superados pelos dois pilotos mundiais (Kris Meeke e Dani Sordo), naquele que foi um terceiro lugar com sabor a vitória, segundo o próprio. Gonçalo Henriques confessou que esperavam um lugar a meio da tabela, até porque sabe que foram demasiado cautelosos para que não apanhassem nenhum susto ao longo da prova.

"A estreia de sonho seria mesmo ganhar o Rally, mas isto foi como ganhar, sinceramente… Sonhamos com a vitória, mas estávamos à espera de um sétimo ou oitavo lugar. Ao longo do rali sabíamos que estávamos rápidos e podíamos lutar pelo pódio, mas nunca colocamos muita pressão. Nos últimos dois troços, vimos a diferença para os adversários e andamos bem, mas podíamos ter andado mais um bocadinho", começou por dizer, em entrevista exclusiva ao SAPO Desporto.

"Na última classificativa tínhamos cerca de cinco ou seis segundos de diferença, mas já tínhamos mostrado aquilo que queríamos. Por isso, fui mais cauteloso, até demais porque íamos dando o terceiro lugar para o Armindo Araújo. Ele ficou a apenas nove décimas de nós. Foi ótima a nossa evolução e sentimos que podíamos estar ainda mais rápidos, mas tudo aconteceu sem sustos. Dá-nos segurança para as próximas provas."

Os elogios de Kris Meeke, pressão em corresponder às expectativas e o futuro

Após ter conseguido o terceiro lugar, o jovem piloto recebeu vários elogios por parte dos seus pares, em especial de Kris Meeke. O atual campeão nacional disse que estava a nascer uma nova estrela em Portugal, mas Gonçalo Henriques não se sente dessa forma.

"Nós devemos ter os pés bem assentes na terra, o caminho ainda é longo e nós queremos continuar a evoluir. Claro que é ótimo ouvir esses comentários, mas o caminho faz-se caminhando e ainda estou longe de ser uma estrela. Temos de acreditar no processo e continuar a trabalhar."

E a pressão de corresponder às expectativas?

"Claro que sinto sempre um bocadinho de pressão, não vale a pena mentir, mas penso que lido bem com a pressão e o nervosismo consigo controlá-lo muito bem. Há momentos em que estou mais nervoso do que outros, é normal, principalmente antes de começar o Rally. Sinto-me sempre um pouco nervoso, mas acho que no dia em que isso deixar de acontecer é porque já não estou aqui a fazer nada e já não é a hora de correr. Acho que essa pressão também nos dá uma força extra para ser mais e melhor."

Objetivo é ser campeão nacional em Rally 2 e o sonho é o WRC (Mundial de ralis)?

"Nós sonhamos sempre mais e o céu é o limite, mas vamos ver que oportunidades é que surgem, todas elas serão bem-vindas. Temos de ver o que é melhor para nós, porque ir para fora tem muito que se lhe diga, nós gostávamos muito, correr no WRC é o sonho de todos, mas o campeonato de Portugal também é bastante competitivo. É uma grande mais-valia poder correr cá. Vamos ver…é difícil dizer o que é melhor para nós.”