O piloto português Miguel Oliveira (KTM) viu “potencial” na RC 16 com que hoje começou os testes de pré-temporada do Mundial de velocidade em motociclismo, na Malásia, em que foi o 16.º mais rápido.

O piloto de Almada realizou 60 voltas ao traçado malaio, mas apenas 34 verdadeiramente contra o cronómetro, conseguindo o seu melhor registo em 1.59,945 minutos na 38.ª passagem pela meta, terminando a 1.574 segundos do mais rápido, o espanhol Aleix Espargaró (Aprilia).

As motas italianas apresentam-se como as mais fortes nesta fase, pois o espanhol Maverick Viñales (Aprilia) foi o segundo mais rápido do dia, a apenas 0,013 segundos do companheiro de equipa, depois de ambos já terem dominado os testes dos estreantes e das equipas menos competitivas realizados no início da semana.

“Sinto que ainda temos de encontrar velocidade, mas foi bom. Encontrámos alguns problemas, mas resolvemo-los depressa. Não foi boa estratégia deixar a volta rápida para o final devido à escolha de pneus. Espero melhorar amanhã [domingo] e ir pelo menos com as mesmas referências de tempo que tivemos em 2020”, começou por explicar Miguel Oliveira, numa conferência de imprensa virtual realizada após a sessão.

O piloto de 27 anos considerou ainda que “a mota tem potencial, mas ainda não está pronta”.

“Temos de trabalhar eficientemente e no próximo teste, na Indonésia, temos de aprender a pista e tentar um pouco mais e ver em que ponto estamos. A verdadeira comparação virá no Qatar, quando começar o Mundial [a 28 de março] e nas primeiras corridas. Teremos de reagir às diferentes pistas e ser competitivos em todas”, frisou.

Miguel Oliveira ainda sofreu uma queda durante a sessão de hoje, mas explicou aos jornalistas que foi “sem consequências”.

“Perdi a frente nas lombas, sem consequências, apenas uma pequena queda. Não me sinto completamente confiante com a frente, mas não era objetivo fazer essas mudanças. Vamos ver amanhã”, disse.

Os pilotos da KTM queixaram-se de dificuldades com os pneus, tal como aconteceu na época passada.

“A primeiro impressão com o primeiro pneu não foi boa. Tivemos de o trocar. Fiz o melhor tempo com o pneu médio, à uma da tarde. É longe do ideal em termos de temperatura e de composto. Poupámos pneus para domingo, vamos ver se compreendemos melhor isso. Mas ainda não sei se a mota é muito sensível aos pneus”, explicou.

Depois de várias dificuldades de afinação do conjunto na segunda metade da época passada, Miguel Oliveira diz acreditar que, desta vez, será possível ultrapassar os obstáculos.

“O projeto de uma nova mota ficou congelado a partir de junho. Tivemos uma mota nova que não tinha a filosofia correta. No final da época é difícil ter novas peças sem uma direção clara. Não queremos isso. Sentimos que com novas peças poderíamos ter uma mota melhor. As pequenas mudanças fazem-nos acreditar que temos mais potencial. Durante a época, com novo diretor de equipa, julgo que podemos apontar a maiores mudanças”, precisou.

O espanhol Raul Fernandez (KTM), da equipa satélite, a Tech3, foi o melhor representante da marca austríaca, com o 13.º tempo, cerca de 0,3 segundos mais rápido do que o português, mas tendo já rodado no início da semana nas três sessões reservadas aos estreantes na categoria rainha, a MotoGP.

O sul-africano Brad Binder (KTM), companheiro do português na equipa oficial, foi 14.º, a 0,161 segundos do português e apontando as mesmas dificuldades de afinação com os pneus.

Nota ainda para o regresso do espanhol Marc Márquez (Honda) às pistas, 101 dias depois da última vez, em que sofreu uma lesão no nervo ótico que lhe provocou visão dupla.

O antigo campeão mundial também sofreu uma pequena queda, terminando o dia na oitava posição, com o tempo de 1.59,287 minutos.

Os testes de pré-temporada de MotoGP prosseguem este domingo, antes de a caravana seguir para a Indonésia, onde o trabalho é retomado na próxima sexta-feira.