O piloto português Luís Portela está de regresso ao Dakar, onde vai competir na disciplina de SSV, na qual se estreou brilhantemente com um pódio na etapa final da Taça do Mundo de 2018 disputada em Marrocos. Portela será acompanhado pelo experiente piloto de motos David Megre.

O SAPO Desporto falou com Luís Portela numa entrevista que aborda o regresso do piloto português ao Dakar, a mudança de categoria e os maiores receios para aquela que é uma das provas mais perigosas do mundo.

Como estão a decorrer os preparativos para mais uma etapa do Dakar?

"Os preparativos do Dakar correram muito bem. Desde dia 26 que temos toda a nossa estrutura entregue à organização, por isso este ultimo mês foi apenas limar alguns detalhes e preparar toda a viagem."

Desde a sua estreia em 2017, de que forma evoluiu enquanto piloto?

"A principal evolução foi a passagem das motas para a categoria dos SSV. Desde 2018 tenho vindo a participar em diversas corridas do CNTT com um andamento bastante bom e também tive a estreia no Rally de Marrocos onde conseguimos um pódio numa corrida de campeonato do Mundo."

Sendo uma das provas mais perigosas do mundo, a cada ano que passa sente mais receios?

"Na classe onde vamos inseridos a segurança é um dos pontos fundamentais dos regulamentos, Por isso acho que vamos numa categoria bastante segura, e que o número de acidentes existentes mostram exatamente isso, pois são muito poucos.  No entanto é um desporto motorizado onde competimos contra o tempo por isso temos que estar preparados para qualquer imprevisto."

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Sendo mais experientes em motos, de que forma um SSV pode elevar as suas capacidades enquanto piloto?

"As motas para mim são a melhor escola para um piloto de todo o terreno e a adaptação às 4 rodas acaba por ser muito natural. Basta ver que o piloto com mais vitórias no Dakar vem das motas, bem como o principal candidato a vencer a categoria SSV também vem das motas.

Nas motas todas as decisões são tomadas por uma pessoa, passamos muitas horas sozinhos e fisicamente é muito duro, bem como psicologicamente. Nos carros temos um copiloto que nos ajuda a tomar decisões, bem como eu tenho de ser capaz de o ajudar. É mais um trabalho de equipa do que individual, e isso tranquiliza-me."

Quais as dificuldades que espera em mais uma prova na Arábia Saudita? Tem gostado da realização do Dakar neste país?

"Todos os comentários que vejo sobre a Arábia Saudita são bons. Por isso vou com boas expectativas. Em relação às dificuldades, esperamos estar prontos para as ultrapassar e foi isso que treinámos o ano inteiro."

De que forma a COVID-19 pode influenciar na performance do atleta, a nível mental e físico?

"O COVID neste momento é o nosso maior medo, pois mais do que afetar a performance, pode afetar a nossa participação. Temos estado resguardados já desde o inicio do mês de dezembro, mas não sabemos onde se apanha. Toda a equipa está vacinada, somos todos saudáveis, mas é um teste negativo que precisamos. Acho que neste momento é a maior dificuldade que temos para estar tudo ok na partida."