A prova portuguesa do campeonato do mundo de ralicrosse, a decorrer em Montalegre entre 17 e 18 de setembro, foi hoje descrita como uma “das melhores pistas” mundiais, durante a apresentação na Casa da Música, no Porto.

O elogio foi feito por Arne Dirks, diretor executivo da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para a competição, que citou conversas com pilotos do circuito, e comprovado por João Ribeiro, atual segundo classificado do campeonato da Europa de Ralicrosse.

“É bom estar na Alemanha, Noruega ou Suécia e perguntarem-nos sobre Montalegre. É uma pista técnica, diferente, tem sequências de curvas próximas umas das outras e faz com que um erro possa ser benéfico na curva seguinte e os pilotos gostam por ter terra. É ralicrosse puro e é especial”, apontou o piloto português durante a apresentação.

Já em declarações à Lusa, sublinhou que o “nível está a subir” e a prova disso são os “11 pilotos portugueses no campeonato da Europa entre os 30 a 40” presentes, mas apesar de “qualquer um poder discutir a vitória”, vincou que quer vencer para se aproximar do líder da competição.

“Não escondo que quero ganhar em Montalegre. Tenho possibilidades que isso aconteça perante o nosso público, não é fácil, o campeonato é muito disputado, são quatro ou cinco pilotos a poder vencer. Sei que vai ser difícil, mas até à última curva vou tentar. Há alguma distância [para o líder], mas ainda não acabou, o ralicrosse é imprevisível”, admitiu.

Já o embaixador da prova, Filipe Albuquerque, campeão mundial e europeu de resistência em Le Mans (2020), na categoria LMP2, referiu à Lusa que o ralicrosse “cresceu imenso, com passos sustentados na mobilidade elétrica, com carros de performances inacreditáveis”.

“Faz todo o sentido ser embaixador. Quantas mais pessoas estiverem [envolvidas], mais viável se torna esta prova [em Portugal]. Temos o João Ribeiro a disputar o campeonato da Europa, algo que não acontecia antigamente. Se continuarmos a ter uma prova em Portugal todos os anos, dentro de pouco tempo teremos alguém a disputar o campeonato do Mundo”, disse.

O atual piloto da Acura no campeonato norte-americano de resistência recordou os desempenhos de Miguel Oliveira (motociclismo) e António Félix da Costa, campeão mundial de Fórmula E (2020), como exemplos de que os portugueses “podem chegar aos patamares dos melhores do mundo”.

“Somos apaixonados pelo automobilismo, o Rally de Portugal é a prova de Portugal. A paixão está cá, um empurrão de bons resultados e, dos poucos que somos, sermos considerados dos melhores, isso incentiva os mais novos a aventurarem-se. Quando temos uma prova ‘em casa’, em que não temos de nos deslocar para competir, ajuda imenso. Temos que agradecer aos organizadores para que isto seja possível”, sublinhou.

Durante a apresentação, marcaram presença e intervieram o presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, do Clube Automóvel de Vila Real e o vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, David Teixeira, que destacou a “oportunidade única” para promover o conselho.

O regresso do Mundial de ralicrosse a solo nacional vai contar com os "novos carros da categoria 'rainha' do Mundial, máquinas com dois motores elétricos, um em cada eixo, e potências de 500kw, o equivalente a 680cv, com um binário de 880 Nm, disponível instantaneamente", detalhou o município transmontano, avançando que estão por agora, "confirmados oito carros da nova categoria", cuja estreia aconteceu na Noruega "há menos de duas semanas".

A par dos motores elétricos, os carros com motores de combustão mantêm-se no programa de Montalegre, integrados no campeonato da Europa FIA de RX1 ('supercars') e RX3 (S1600), disputado pelos pilotos nacionais.

Entre os inscritos encontra-se João Ribeiro (Audi A1), piloto que luta pelo título de campeão da Europa FIA de RX3 (S1600), e que parte para a jornada dupla em segundo lugar, assim como António Sousa (Peugeot 208), Jorge Machado (Citroën C2), Joaquim Machado (Peugeot 208), Leonel Sampaio (Skoda Fabia), Rogério Sousa (Ford Fiesta), Sérgio Dias (Renault Twingo) e Tiago Ferreira (Peugeot 208).