"As ameaças continuam a chegar aos nossos diplomatas", escreveu Kuleba numa mensagem no Facebook, sublinhando que "a atual campanha de terror contra os diplomatas ucranianos é sem precedentes na sua escala, não só no contexto ucraniano, mas também a nível global".

Kuleba disse não se lembrar de uma época na história em que tantas embaixadas e consulados do mesmo país "tenham sido sujeitos a ataques tão maciços em tão curto espaço de tempo".

O ministro disse que nos últimos dois dias foram enviados pacotes suspeitos para embaixadas em Itália, Polónia, Portugal, Roménia e Dinamarca, bem como para o consulado em Gdansk (Polónia).

"No total, já temos 31 casos em 15 países: Áustria, Vaticano, Dinamarca, Espanha, Itália, Cazaquistão, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Estados Unidos, Hungria, França, Croácia e República Checa", escreveu Kuleba. 

De acordo com Kuleba, todos os envelopes foram endereçados do mesmo remetente, um concessionário Tesla na cidade alemã de Sindelfingen e, em regra, foram enviados de estações de correio que não estão equipadas com sistemas de videovigilância.

Além disso, os autores das remessas tomaram medidas para não deixar vestígios de ADN nas embalagens, o que aponta para o facto de a ação ter sido executada por profissionais, sublinhou o ministro.

Kuleba acrescentou que está em contacto constante com os seus homólogos de outros países e que as embaixadas ucranianas cooperam com autoridades estrangeiras na investigação de todos os casos de ameaças.

O ministro recordou que, desde há uma semana, as embaixadas e consulados ucranianos têm reforçado as medidas de segurança.

"Mas não importa o quanto os inimigos tentem intimidar a diplomacia ucraniana, não serão bem sucedidos. Continuamos a trabalhar para a vitória da Ucrânia", afirmou Kuleba, citado pela agência Ukrinform.

Os primeiros casos do género foram detetados em Espanha, com seis cartas armadilhadas enviadas, a primeira das quais a 24 de novembro para o Palácio da Moncloa (sede do Governo espanhol) e dirigida ao primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

O ministro da Administração Interna espanhol recomendou na passada sexta-feira à Comissão Europeia e países parceiros que tomem medidas caso recebam cartas armadilhadas semelhantes às enviadas a várias entidades em Espanha, admitindo que podem estar relacionadas com a guerra na Ucrânia.

A embaixada da Ucrânia em Lisboa recebeu na segunda-feira dois envelopes suspeitos, tendo chamado a PSP, a qual enviou para o local meios da Unidade Especial de Polícia.

A PSP não encontrou qualquer engenho explosivo nos dois envelopes suspeitos que chegaram hoje à tarde à embaixada da Ucrânia em Lisboa, disse à agência Lusa fonte policial.

A mesma fonte afirmou que "não foram detetados explosivos" na avaliação feita pelo Centro de Inativação de Engenhos Explosivos e Segurança em Subsolo da Unidade Especial de Polícia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

 

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