O banco central japonês decidiu, por unanimidade, no final da reunião mensal de dois dias sobre política monetária, manter a taxa de juro das obrigações de curto prazo em -0,1% e continuar as compras ilimitadas de obrigações para orientar os rendimentos a 10 anos para 0%.

No que respeita à curva de rendimentos das obrigações de longo prazo, o banco central japonês manteve o intervalo de flutuação desejável para a instituição em 0,5%, limite máximo fixado no final do ano passado, alimentando a especulação de uma mudança de rumo na política, ainda por concretizar.

O BoJ correspondeu assim às previsões dos analistas, apesar de o atual governador da instituição, Kazuo Ueda, ter dado uma entrevista ao jornal Yomiuri em que parecia apontar para uma mudança de política.

Ueda, que assumiu o cargo em abril passado, disse então ser possível que até ao final do ano tivessem informação suficiente para considerar se os salários vão continuar a subir e decidir sobre a política monetária.

O índice de preços no consumidor do Japão subiu 3,1% em agosto, de acordo com os dados divulgados hoje pelo Governo, e deverá fechar o ano em cerca de 4%, o dobro do objetivo do BoJ, de 2%.

Mas o BoJ considera que esta inflação é de natureza importada e transitória, devido à subida global do preço das matérias-primas e da energia, não refletindo uma revitalização da economia japonesa capaz de assimilar uma subida das taxas.

A divergência entre a política monetária do BoJ e a de outras instituições de referência, como a Reserva Federal dos EUA e o Banco Central Europeu, conduziu a uma forte desvalorização da moeda japonesa face ao dólar e ao euro desde o ano passado.

Após o anúncio, hoje, da manutenção da política monetária, a moeda japonesa registou uma forte queda em relação ao dólar, para 148 ienes por dólar.

JMC // EJ

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