Delfim Neves, que terminou no início do mês o seu mandato como presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe na sequência das eleições legislativas de 25 de setembro, foi detido às primeiras horas da manhã de sexta-feira, na sua casa, após ter sido alegadamente identificado como mandante do assalto ao quartel das Forças Armadas, que decorreu na madrugada de sexta-feira e em que morreram três dos quatro assaltantes e um outro alegado mandante, Arlécio Costa.

O tribunal de Instrução Criminal já começou a ouvir os detidos na sequência do ataque - 12 militares e quatro civis, segundo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, brigadeiro Olinto Paquete.

Em declarações à Lusa na tarde de segunda-feira, o advogado, Hamilton Vaz, indicou que Delfim Neves ainda não foi ouvido pelas autoridades.

"Mandaram-nos aguardar", disse o advogado, que criticou as "condições deploráveis" em que Delfim Neves está detido nas instalações da Polícia Judiciária, para onde foi transferido ao final da tarde de sexta-feira, depois de ter passado todo o dia no quartel militar.

"Durante todos estes dias, desde dia 25, Delfim Neves está a dormir numa cadeira. Não há colchão, esteira, nada", descreveu Hamilton Vaz.

Delfim Neves, que foi submetido há uns meses a uma cirurgia nas costas e sofre de hipertensão, recebeu assistência médica porque tinha "os pés a inchar e a glicemia e tensão com alterações fortes", afirmou, indicando existir um relatório médico que "recomenda que ele não se pode manter" naquelas condições.

A equipa de advogados fez, no sábado, um pedido para que Delfim Neves pudesse ser "assistido numa instalação hospitalar, onde uma equipa médica poderia fazer o seguimento" da situação clínica.

"Esse pedido foi encaminhado para os procuradores, que indicaram que seria remetido à juíza" que está a conduzir os interrogatórios, mas até à tarde de segunda-feira, o requerimento não tinha tido resposta, indicou Hamilton Vaz.

O ataque foi classificado pelas autoridades são-tomenses como "uma tentativa de golpe de Estado" e o exército já prometeu uma investigação às condições em que morreram os detidos. Portugal está a colaborar com a justiça são-tomense, tendo enviado uma equipa com elementos da Polícia Judiciária e do Instituto de Medicina Legal.

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