O evento que decorre até domingo no centro histórico dessa cidade do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto convidou para isso o artista neerlandês Gijs van Bon, que terá a sua máquina-escriba em funcionamento no sábado à tarde na Biblioteca Municipal, e a companhia espanhola Holoqué, que sexta e sábado colocará as máquinas de 'flippers' na Casa do Moinho.

No primeiro caso, a performance intitula-se "Skryf /Escriba" e, após a sua estreia em Utrecht em 2010, já foi apresentada 350 vezes em cerca de 20 países, recorrendo a um pequeno robô móvel que, a diferentes graus de velocidade, deixa sobre o solo vários escritos em areia, constituam eles uma palavra só ou um texto mais extenso.

Desvendando as palavras apenas à medida que se desloca para novos grupos de letras, o robô cria frases "cruas e transientes" cuja mensagem implícita, segundo o autor do conceito, é a de que "tudo é transitório".

"A partir de um monte de areia quase irrelevante, a máquina cria a magia da palavra e depois são os seres humanos, a natureza e a passagem do tempo os responsáveis por desintegrá-la outra vez", explicou Gijs van Bon à agência Lusa.

A companhia Holoqué, por sua vez, aposta numa instalação que recorre à corrente estética e ao género literário de ficção científica Steampunk -- com o seu romantismo simultaneamente de época e futurista, ao relacionar a cultura do século XIX com o apreço por máquinas e invenções -- e combina-os com jogos de 'pinball', em que os gestos do pulso propulsionam bolas até determinadas posições de uma superfície com obstáculos.

Em "Steampinballs", os participantes vão assim munir-se de um capacete de realidade virtual não apenas para jogar 'flippers', mas também para viver uma experiência holográfica que, segundo a produtora espanhola Núria Prunera, cruza "artes cénicas, artesanato e tecnologia imersiva".

Desde a sua estreia o ano passado no festival FiraTàrrega, na Catalunha, a instalação ainda só passou pela Bélgica e chega agora a Portugal para revelar o potencial lúdico da interação entre "as habilidades próprias do jogo clássico e a realidade virtual mista".

Núria Prunera revela como o diretor artístico da companhia, Diego Caicedo, concebeu o projeto a partir de diferentes elementos do quotidiano: "Descontextualizou-os das suas funções originais e transformou-os num mundo paralelo, em que, por um lado, há uma arca do tesouro, um relógio de parede antigo, uma guitarra, o quadro da Mona Lisa e, por outro, o selo que distingue a companhia Holoqué, que são os hologramas".

O objetivo é usar a tecnologia para ligar o público a um mundo imaginário, na consciência de que há uma realidade "antes e depois da pandemia" de covid-19.

A 23.ª edição do Imaginarius -- Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira apresentará 41 espetáculos entre esta quinta-feira e domingo, graças a um orçamento de meio milhão de euros apostado em evocar a Liberdade.

Com 15 palcos distribuídos por salas convencionais, praças, jardins e outros espaços públicos da cidade, o evento vai receber 41 companhias de 12 nacionalidades, o que representa 190 artistas, num total de 144 exibições e 130 horas de conteúdos.

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