Portugal iniciou, na quinta-feira, o apuramento da Liga das Nações em Espanha, naquele que seria possivelmente o jogo mais complicado do Grupo. À primeira vista, trazer um ponto de Espanha é bom, na maioria das vezes o normal seria sair de lá com uma promoção à Pingo Doce, de saco cheio. No entanto, no que toca à seleção nacional, eu estou numa de Sérgio Godinho e o jogo soube-me a pouco.
Eu olho com aquele brilhozinho nos olhos para os convocados, olho para o onze escolhido pelo Engenheiro Fernando Santos e apetece-me chorar como uma madalena arrependida. Quer-me parecer que o onze inicial foi escolhido através de uma jogada de mikado. Para quem não sabe jogar mikado, é um jogo de pauzinhos misturados e o objetivo é retirar os mesmos sem tocar em nenhum outro. Fernando Santos deve retirar onze pauzinhos com nomes dos jogadores e os que saírem entram de início. Só esta técnica asiática pode justificar um Moutinho ou Raphael Guerreiro em campo.
No que toca ao jogo, basicamente só deu Espanha. Portugal aparecia a fogachos e normalmente de um modo trapalhão e pouco intenso. Espanha jogava no seu tiki taka e nós jogávamos no nosso habitual "TAMFD" (tudo ao molho e fé em Deus) ou se quiserem ser mais excêntricos, o "Tamos F*didos!"
Já não estávamos a jogar grande coisa e eis que Cancelo decide evocar um herói grego. Podia ter evocado Hércules mas não, evocou Aquiles e com o seu calcanhar lança o ataque espanhol que viria a dar o 1-0.
O jogo era chato, tão chato que dei por mim indeciso se continuava a ver o jogo ou se mudava para o Jornal da Noite. É que tragédia por tragédia ao menos ficava informado sobre o que se estava a passar no mundo, já que na seleção pouco ou nada muda.
A segunda parte foi mais do mesmo. Portugal esteve um bocadinho mais atrevido, lembrava aquelas moças dos anos 60 que já levantavam a saia um bocadinho acima do joelho, mas muito pouco para quem precisava de marcar. Cristiano Ronaldo dá a ideia que já só entra para mexer com o público adversário, é que no campo faz quase tanto como eu no sofá.
Num ataque ocasional, mas bem desenhado, Portugal chega ao empate através do "re-recém-internacionalizado" português Ricardo Horta. O avançado sacou aquele "tomate" da Horta mesmo na tromba dos espanhóis que bem mereceriam depois de terem assobiado o nosso hino. Noutros tempos ainda se fariam umas curgetes e cenouras para a audiência, mas Horta ficou-se pelo tomate.
Parecia que podíamos ir pôr mais, mas a Espanha por pouco não mata o jogo. Alba, de baliza escancarada, decidiu dar uma de Bryan Ruiz, 'tão' a ver? Do topo, balizas? Não estou interessado nisso e cabeceou a bola para fora. O que Jardel deve ter rido daquele falhanço. "Amadores" terá pensado ele. Depois, rezou mais um Pai Nosso e agradeceu por eu o ter mencionado aqui na crónica.
O jogo acabou como começou, empatado, o que para nós é um mal menor e até já começa a ser um hábito.
Umas palavrinhas para o Engenheiro Fernando Santos. Caso nas suas leituras diárias tropece neste texto, gostaria de o relembrar que na Liga das Nações não dá para empatar os jogos todos e passar. Temos de ganhar alguns e ficar em primeiro para nos apurarmos.
Não tem de quê, agora força nas canetas que o melhor é Portugal!
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