Embora alguns treinadores falem da matemática futebolista, o futebol não é uma ciência exata. Taticamente é uma ciência flexível sem expressões quantitativas, nem predições precisas, mas é uma ciência criativa e evolutiva, aberta ao progresso. Ela depende da inteligência, da imaginação e das ideias dos treinadores, a quem compete desenvolver e testar hipóteses, inventar, criarem e planificar métodos inovadores.

Todos os treinadores deveriam procurar ser vanguardistas. Mas, infelizmente, a maioria limita-se a imitar métodos antiquados.

O futebol em termos organizativos obedece à dicotomia defesa-ataque. As equipas devem ser esclarecidas e competentes quer a defender, quer a atacar. Mas em Portugal as não candidatas ao título, quando atuam como visitantes jogam com uma estrutura ultra defensiva. E estranhamente os tais candidatos dizem que é difícil ultrapassar essas barreiras. Isto é um paradoxo ou não encontram soluções para facilmente ultrapassarem esses obstáculos.

Cada um esgrime as armas que tem. Até porque defender e destruir é bem mais fácil do que construir e criar. A realidade do grosso das equipas é defender, e algumas até lucram com esta ambiguidade, dado que também os adversários habituados a defender, nos jogos fora, quando nos seus estádios têm de atacar, jogam contra natura e normalmente são surpreendidos.

Temos vários exemplos, mas o que mais exemplifica esta constatação é o Rio-Ave. No ano de 2012/13 se conquistasse os mesmos pontos que conseguiu como visitante teria ido à Liga Europa. Neste início de campeonato a tendência mantêm-se, soma treze pontos. Dez dos quais, obtidos fora e somente três alcançados em casa, sem ainda terem defrontado qualquer candidato. Isto demonstra bem que este grupo está mais e melhor programado para defender. Quando é necessário atacar com mais assiduidade, os resultados tornam-se improdutivos.

O futebol é um jogo simples, belo, atrativo e apaixonante, quando é disputado e interpretado com os fundamentais princípios de jogo. Quem não tem a posse de bola deve estruturar-se defensivamente para a recuperar e iniciar o ataque. Quem a possui deve organizar a evolução atacante, para que esta termine em golos. É esta flexível e criativa ciência que desenvolve o pior ou o melhor futebol.