Os dérbis têm sempre uma história especial e este jogo entre Sporting e Benfica não fugiu à regra. Enquanto que Roger Schmidt manteve o 11 inicial da última partida, jogando sem um avançado fixo, com Rafa a avançado móvel, Rúben Amorim fez algumas alterações. Sem Trincão e Gonçalo Inácio por lesão, Rúben Amorim colocou Edwards na frente, Diomande a defesa central esquerdo e, como já vimos em jogos de maior exigência defensiva, Matheus Reis em detrimento de Nuno Santos.
A primeira parte foi de domínio do Sporting. Tiveram a maior parte da posse de bola e obrigaram o Benfica a descer muitas vezes as suas linhas. Em fase de construção, saíram quase sempre confortáveis apesar de uma deficitária pressão alta do Benfica: falta de agressividade na pressão, falta de timing por parte de alguns jogadores aliada a uma falta de coordenação entre alguns membros que geralmente deixavam os espaços necessários para os leões saíram confortáveis dessa pressão.
Em último terço, o Sporting conseguia tirar grande proveito através de passes nas costas de Aursnes, onde aparecia Catamo para criar dificuldades. Ainda numa situação em último terço, com assistência de cruzamento de Hjulmand na direita do ataque, criou-se uma superioridade de 2vs1 no lado contrário (Pedro Gonçalves e Matheus Reis vs Bah), sendo que a bola passou por cima de Bah onde apareceu Pedro Gonçalves para fazer o primeiro de cabeça.

O Sporting foi criando oportunidades de perigo sobretudo pelo seu corredor direito e através dos pontapés de canto - que muitas vezes criaram calafrios. Já nos momentos em que a pressão dos encarnados era batida, observou-se superioridade e igualdade numérica em última fase por parte do Sporting, muitas vezes com Gyökeres na condução de bola mas que praticamente sempre foi anulado por António Silva pela capacidade de contenção do jovem defesa central.
Roger Schmidt trazia alterações para a segunda parte e parece ter visto exatamente ele mesmo que eu. Faltava alguma solidez defensiva no corredor esquerdo. Colocou Morato no corredor esquerdo, ofereceu o direito a Aursnes e retirou Bah do jogo. Se o objetivo era anular os ataques por via de Catamo, o objetivo foi cumprido. Contudo, enquanto que António Silva teve muito durante toda a partida em conseguir anular Gyökeres, Otamendi teve uma decisão de levantar os cabelos dos benfiquistas. Tenta antecipar o lance sobre o sueco que lhe ganha no duelo físico, roda para a baliza e finaliza para o 2-0 do Sporting. É um erro infantil de Otamendi fosse quem fosse o avançado, mas torna-se horrível por se tratar principalmente de Gyökeres.

O Sporting entrava na segunda parte como terminara a primeira: em evidente superioridade na partida. Controlo da posse de bola, inibindo tranquilamente qualquer ataque do Benfica e a jogar sobretudo nos dois terços de campo mais avançados.
Curiosamente é na primeira grande oportunidade do Benfica (esquecendo um pontapé de canto direto de Di Maria na primeira parte) que o Benfica chega também ao golo. Roger Schmidt fez entrar Tengstedt, colocou Di Maria a cair mais em corredor esquerdo e Rafa no direito. Numa circulação para corredor esquerdo, foi dado o espaço e tempo necessário para Di Maria conseguir realizar um cruzamento guiado para o pé de Aursnes que apareceu ao segundo poste para diminuir a vantagem dos homens de Rúben Amorim.

O Benfica cresce no jogo a partir desse momento e muito rapidamente consegue o empate (que seria anulado por fora-de-jogo) através de uma jogada genial entre Di Maria e Kökçu.
O jogo tornou-se mais direto, o Benfica era quem mais tentava chegar ao golo que desse o empate na partida, porém sempre com alguma incapacidade e dependente de rasgos individuais dos seus jogadores. Por falar em rasgos individuais, Nuno Santos viu ainda um golo seu de enorme beleza ser anulado por também uma posição irregular em fora-de-jogo.
Existem várias notas a reter. Primeiro, fica a sensação de que sempre faltou um jogador (um lateral) para dar mais soluções ao Benfica no corredor esquerdo. Depois, é importante perceber que o Sporting conseguiu se superiorizar por dois motivos chave: a superioridade nos duelos individuais no meio-campo (mérito de Morita e Hjulmand sobretudo) e pela pressão alta deficitária do Benfica. Por último, e não menos importante, uma vez mais tornou-se evidente que o Sporting transforma-se numa outra equipa quando sofre golo apesar de estar claramente por cima do jogo. Psicologicamente parecem uma equipa ainda com alguns problemas.
Ganhou a equipa que melhor jogou na partida, que mais oportunidades criou e que maior domínio do jogo teve. Os leões levam vantagem para a segunda mão que... apenas é jogada em abril. Muita história há para contar até lá. Pela primeira vez esta época, Roger Schmidt perde um jogo frente a um dos seus principais adversários (FC Porto e Sporting CP).
Rogerball - O Benfica de Schmidt
Rogerball - O Benfica de Schmidt créditos: Rogerball - O Benfica de Schmidt