Comecemos pelos factos: ao dia de hoje, o Benfica tem três pontas de lança no plantel. Juntos, no total da temporada, apontaram 19 golos. Sozinho, Viktor Gyökeres já marcou 38, exatamente o dobro.
Casper Tengstedt custou 7 milhões de euros, quando foi contratado no mercado de inverno da temporada passada, ao passo que Arthur Cabral e Marco Leonardo obrigaram os encarnados a realizar investimentos mais avultados; o primeiro custou 20 milhões de euros, enquanto, pelo segundo, foram despendidos 18 milhões.
Significa isto que, feitas as contas, o clube desembolsou 45 milhões de euros para adquirir os passes dos três pontas de lança com os quais vai terminar a época. No entanto, nenhum deles parece reunir consenso na Luz. Se, ultimamente, Tengstedt tem merecido a confiança do treinador Roger Schmidt, a verdade é que ainda só fez o gosto ao pé em três ocasiões em 2023/24.
Cabral tem 11 golos, somente seis na liga, mas foi precisamente quando parecia ter começado a engrenar que o alemão o relegou para o banco. Nesta segunda-feira, diante do Farense, voltou à titularidade e faturou, depois de uma seca de um mês sem fazer golos. Mais do que isso, fê-lo realizando uma exibição globalmente
positiva, na qual emanou uma confiança surpreendente para quem não tem tido continuidade no onze.
Leonardo, por seu turno, já marcou por cinco vezes no campeonato, sendo que só chegou em janeiro último, mas não há forma de ser aposta regular como titular – soma apenas três jogos no onze inicial desde que se mudou para Portugal. Pelo meio, vale lembrar, deu-se ainda a saída de Petar Musa, que também registava cinco golos no campeonato, apesar de, também ele, ser um habitual suplente.
Dir-me-ão, alguns, que a função do ponta de lança não se limita a marcar golos, e eu tendo a concordar com isso. Principalmente, porque um avançado deve fazer mais do que colocar a bola dentro da baliza adversária. Essa é, porém, a principal tarefa de um ponta de lança.
Da mesma forma que o papel de um guarda-redes passa por defender as suas redes, por melhor que seja a jogar com os pés. Não há volta a dar. E, nesse aspeto, os pontas de lança do Benfica têm desiludido. Certo. Mas, mais do que criticá-los, há que questionar quem decidiu que seria boa ideia atacar a temporada com um lote de goleadores tão inexperiente e com tão poucas provas dadas que, relembro, custou 45 milhões de euros.
E a coisa promete não ficar por aqui. Ou alguém acredita que o Benfica não irá contratar outro ponta de lança no próximo mercado de verão? O histórico recente diz-nos que o mais provável é que chegue um novo ‘9’ à Luz na reabertura da janela de transferências. Cá estaremos para ver (e analisar) os próximos capítulos desta saga.
Comentários