Este Dínamo ao contrário de um dínamo que se prese não gerou corrente contínua. Antes pelo contrário esteve apagado pelo constante domínio do F. C. Porto. Só conseguiu converter a energia mecânica em elétrica nos vinte minutos finais. De facto as três defesas de Helton foram eletrizantes. Os Croatas bem tentaram acionar processos alternadores, mas estes não tinham potência e desligavam-se pelo caminho.

Kelava simpático criou um campo magnético atraente. Como bom anfitrião e ao ver que o jogo atacante do Dragão era efémero, (só rematou duas vezes em quarenta minutos), Talvez para clarificar o jogo ofereceu o golo de bandeja ao Jackson Martínez, o qual não aproveitou. Logo de seguida Kevala defendeu para a frente e Lucho não perdoou.

Lucho tem um enorme talento. E ontem demonstrou que para além de ser um excelente profissional é um ser humano que soube gerir superiormente os sentimentos. O golo que marcou foi um diálogo de afetos entre o filho e o pai. Falo com experiência própria. Já me aconteceu o mesmo. Só que antes do jogo ninguém me comunicou que a minha Mãe tinha falecido. São momentos tristes, mas não à nada a fazer e mesmo que tivesse conhecimento da situação. Jogaria!

Voltando ao jogo. O Dínamo a, (não),jogar assim sujeita-se a ficar no último lugar do grupo. É uma equipa muito fraquinha, os jogadores correm, correm, mas sem destino. Erram passes atrás de passes. Defendem muito mal. Só se aproveita a velocidade desenfreada de Samir e de Cop. O Dínamo foi presa fácil para o Porto.

Contudo o Porto tarda em afirmar-se coletivamente. Ontem foi, tinha que ser uma equipa dominadora, mas não transformou esse domínio em golos. Claro que o Porto ontem mandou no jogo, e foi superior face às fragilidades do adversário, era o que faltava? O Dragão em Zagreb perdeu uma grande oportunidade de se exibir a primor. Ganhar é bom. Mas as boas exibições são a chancela de uma organização coletiva de qualidade.

Uma equipa é um todo. É um grupo de jogadores escalonados por setores os quais têm a dupla missão defesa-ataque. Percentualmente os defesas defendem mais, o meio campo é a charneira que anula e constrói, e é mais criativo nas equipas fortes. O ataque logicamente é para finalizar. Mas pode-se falar em finalizadores quando depois do caudal ofensivo da primeira parte, só se remate três vezes à baliza? Pois os golos foram marcados por dois médios.

Faltou acutilância ao futebol de ataque dos campeões nacionais. Por ausência de sincronismo entre os avançados. Por falta de uma relação intuitiva e de perceção entre o possuidor da bola e da correta solicitação de passe dos avançados. James nas alas? Ala para o corredor central! Pela inexistência de um ponta de lança ao nível do Porto. Pela falta de maturidade e regularidade de Atsu. E sobretudo faltaram os desequilíbrios do incrível Hulk.