A esta eliminatória poder-se-ia chamar uma final antecipada, mas como o Barcelona ainda está na prova, quer o Real quer o Manchester podem chegar à final desta competição. No Bernabéu assistimos a um excelente espetáculo de futebol. Recheado dos apetecíveis ingredientes futebolísticos, os quais muito admiramos. Falo da tática das equipas. Da quantidade de oportunidades de golo, duas delas embateram nas barras, as restantes foram negadas pelas intuitivas defesas dos guardiões. Da concretização dos golos que estiveram à “altura”. E por fim do trabalho brilhante de Cristiano.
Este jovem que nasceu para o futebol no Sporting, que cresceu no Manchester United e agora é um senhor no Real Madrid. Neste jogo ele estava entre dois amores e antecipou o dia dos “namorados” para lhes oferecer um notável golo. A técnica de execução reuniu a soberba impulsão, a suspensão no ar qual “ave” rara, mais a força e a colocação do esférico concretizaram um golo notável. Este golo valeu o preço do bilhete. Mas foi em vão que Alex Ferguson mandou marcar Cristiano, porque este fenómeno quando está inspirado leva a equipa ao colo. Aliás, Ferguson disse: «sempre que Cristiano tem a bola, nós rezamos»
Ferguson está a adaptar-se ao futebol continental e neste jogo imitou o futebol italiano: defendeu mais ou menos bem e contra atacou melhor. A utilização do rapidíssimo Welbeck foi uma escolha acertada. Cumpriu os princípios de jogo, defendeu com 11 e utilizou vários ataques rápidos. Os ingleses marcaram só um golo, no seguimento de bola parada o que tem sido uma das grandes lacunas defensivas do Real. Mas também é verdade que incomodaram vezes demais Diego López.. O Manchester defendeu assim, assim, porque o Real até podia golear se na baliza não estivesse o quase imbatível De Gea
Mourinho afirmou que «não esperava um United tão fechado». «Esperávamos um Manchester United fechado, mas não tanto. Principalmente na segunda parte, fecharam-se de tal forma que Ferdinand e Evans nem saíram da grande área. Jogaram num bloco muito baixo». Mourinho, que eu considero um dos melhores do mundo, surpreendeu-me com esta afirmação. Será que ele ainda não encontrou soluções para romper as defesas cerradas? Não acredito! Também a saída de Di Maria centralizou demasiado o futebol do Real, o qual perdeu amplitude.
A forma como as grandes equipas encaram o futebol em Inglaterra, em Espanha e noutros países europeus, é muito diferente de Portugal. Ferguson lidera o campeonato inglês, mas para ele o pensamento é uniforme. Todas as provas são para vencer. A época é preparada física e psicologicamente para manter uma regularidade anual. Já o Real Madrid disse cedo demais o adeus ao campeonato. Aposta tudo na Liga dos Campeões e na Taça do Rei, para salvar a imagem de grande campeão que é. Vêm aí 7 dias decisivos para os merengues.
No dia 5 de março, no Teatro dos Sonhos, um dos emblemas continuará em prova. Até lá os sonhos vão estar presentes, pois as hipóteses são de 50 por cento para cada equipa. O Real sempre que empatou 1-1 na primeira mão, foi eliminado. Mas o futebol é mais que imprevisível, qualquer resultado é possível. Contudo a decisão para um será um sonho concretizado, para o derrotado é um pesadelo!
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