Lionn, antigo jogador do Rio Ave, confirmou esta sexta-feira em tribunal que foi aliciado pelo empresário César Boaventura para perder contra o Benfica. Lionn é já o terceiro jogador a confirmar em tribunal ter sido aliciado com o referido propósito. Antes, também Cássio e Marcelo referiram ter recebido propostas para ajudar o Benfica no encontro de abril de 2016 frente ao Rio Ave.

"Ele pediu para deixar o telemóvel no banco do passageiro do carro dele [e conversar fora do carro]. Disse que a proposta era de 80 mil euros em notas de 500 para fazer penálti e ser expulso durante o jogo", referiu o jogador em tribunal, de acordo com o jornal Público.

Lioon disse que, perante a sua recusa, o valor que lhe foi oferecido subiu para 100 mil euros, aliados a uma possível mudança para um clube de Espanha.

Na mesma sessão, o advogado de César Boaventura, Carlos Melo Alves, pediu suspensão do processo por estar a correr em paralelo um outro processo que poderia ter impacto numa eventual pena. O pedido foi rejeitado pelo coletivo de juízes. César Boaventura, recorde-se, é acusado pelo Ministério Público de três crimes de corrupção ativa e um crime de corrupção ativa na forma tentada, por alegadamente ter pedido aos jogadores Marcelo, Cássio, Lionn (que na altura representavam o Rio Ave) e Salin (na altura jogador do Marítimo) para influenciarem os resultados das partidas dos respetivos clubes com o Benfica.

Francisco J. Marques fala em silêncio "ensurdecedor"

Perante esta notícia, Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, reagiu na rede social X, apontando a pouca importância que está a ser dada a este caso.

"É ensurdecedor o silêncio em torno deste caso de corrupção, de adulteração da verdade desportiva. Não há autoridades disciplinares no futebol português que atuem perante isto? Quantos jogadores têm de confirmar sob juramento que os tentaram corromper para perderem com o Benfica para haver consequências desportivas?", questionou o diretor de comunicação do FC Porto.