Uma "brincadeira inocente" com a venda de "bolachas Ronaldo" num café português no Reino Unido, para mostrar apoio ao futebolista português, causou tanta controvérsia em 24 horas que o proprietário admite ter de fechar o negócio.
"Quem me conhece sabe que nunca foi minha intenção provocar qualquer polémica", disse hoje à agência Lusa José Gonçalves, surpreendido com as reações recebidas.
Na origem do problema estão biscoitos que colocou à venda na segunda-feira, usando uma forma onde duas figuras estão a praticar um ato sexual, ao qual chamou "Ronaldo Cookies" [Bolachas Ronaldo].
Gonçalves, de 47 anos, assume-se como sendo homossexual e explicou que este é um artigo que se encontra frequentemente em encontros "gay".
Durante o fim de semana foi encorajado por amigos a fazer uma fornada com referência ao internacional português em manifestação de apoio.
A fotografia que publicou na página de Facebook do café "Our Taste of Portugal", em Worcester, a 200 quilómetros a norte de Londres, atraiu a atenção imediata da estação local de rádio BBC Hereford & Worcester.
Porém, a relação das bolachas ao alegado caso de violação que envolve, nos Estados Unidos, o futebolista português Cristiano Ronaldo desencadeou uma série de comentários negativos.
"Tentar vender bolachas representando uma mulher sendo violada é desprezível", comentou Brookelle Graves, enquanto que Siân Patterson disse que era "chocante", acrescentando: "Quem já decidiu usar a violação como uma piada e depois tentar lucrar com isso precisa de pensar de novo".
José Gonçalves lamentou as reações, que não esperava tendo em conta o famoso humor britânico.
"Jamais ia brincar com esse assunto, eu próprio fui vítima de abusos sexuais quando era criança", confiou à Lusa.
Ironicamente, hoje foi o melhor dia de sempre no café que o português abriu há quatro anos, pois recebeu muitos locais em busca das bolachas na origem da polémica.
"Queriam comprar para levar os amigos e para o escritório, mas como já não havia acabaram por beber café e levar pastéis de nata", disse.
Porém, Gonçalves sente-se "frágil" por causa dos comentários negativos nas redes sociais e receia ter de fechar o negócio, que só consegue aguentar porque tem um emprego em tempo parcial a fazer limpezas.
"Mantenho o negócio por amor à camisola, porque é um local de encontro da comunidade, onde ajudo com traduções para quem não fala bem inglês", declarou.
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