Foi no Lisboa Construction Club que, num evento promovido por uma das principais patrocinadoras oficiais da Liga dos Campeões se falou sobre inclusão e discriminação no mundo do futebol.
A falar sobre o tema, três "fanáticos do futebol". Talvez não os nomes que se esperasse para um debate como este, mas três famosos que nutrem uma enorme paixão pelo 'desporto-rei': um antigo - e sempre muito divertido - futebolista internacional português, Jorge Andrade, e dois ícones da música portuguesa da atualidade, Marisa Liz e Dino D'Santiago.
Numa conversa moderada pela humorista Luana do Bem, os três, entre muito boa-disposição, muitas piadas e, claro, alguma cerveja (não fosse o evento patrocinado por uma marca de cerveja há mais de 20 anos ligada à maior competição de clubes do mundo), os três explicaram de onde vem a sua paixão pelo futebol, contaram algumas experiências pessoais e conversaram sobre o que, a seu ver, podia ser feito para tornar o futebol num desporto mais inclusivo.
O primeiro a tomar o microfone foi Jorge Andrade, que - com muito humor à mistura - contou alguns dos momentos que viveu enquanto futebolista nos quais sentiu descriminado. Relegando para segundo plano o fator da cor da pele, brincando mesmo com o facto de ter vivido na Amadora, que apelidou de '11.ª ilha de Cabo Verde', lembrou que chegou a ser dispensado de um clube por ser demasiado pequeno e que chegou até a ser chamado de "anão", tendo-se esforçado para combater esse estigma e mostrar que estavam errados. O seu currículo e o que alcançou ao longo da carreira falam por si.
De seguida foi a vez de Marisa Liz falar do seu gosto pelo futebol, que foi crescendo com o passar dos anos até se tornar na "adepta fanática" que diz ser atualmente. A antiga vocalista dos Amor-Eletro sublinhou o crescimento e desenvolvimento do futebol feminino em Portugal e, dando como exemplo o público presente nos estádios e até no evento, destacou o crescente interesse das mulheres pelo futebol, lembrando e lamentando que, quando era criança, ninguém lhe dava - nem a ela nem às meninas da sua idade - uma bola para brincar.
Quanto a Dino D'Santiago, lembrou os tempos em que, também ele jogou futebol, no Algarve, e contou que chegou a ser vítima de algum racismo por parte dos adeptos. Ainda assim, disse que sempre desvalorizou essas palavras menos simpáticas e até brincava com isso. Contou que, por norma, todos os jovens negros da sua idade que jogavam futebol com ele no Algarve nessa altura tinham uma alcunha relacionada com um futebolista negro que estivesse em destaque no panorama internacional e que ele foi, durante muito tempo, o 'Asprilla', por ter semelhanças com o antigo avançado internacional colombiano Faustino Asprilla, que brilhou, por exemplo, ao serviço dos italianos do Parma na década de 1990.
Entre muitos sorrisos, algumas piadas e conversas sérias, o debate terminou com o momento mais esperado: num painel por detrás dos intervenientes no debate baixou-se uma tela e - ao som do hino da Liga dos Campeões - surgiu o icónico troféu da prova, saudado com um brinde de cerveja entre todos os presentes e pelas inevitáveis fotografias.
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