O presidente do Rabo de Peixe, campeão dos Açores em 2019/20, disse hoje estar “a aguardar desenvolvimentos” sobre o cancelamento dos campeonatos de futebol devido à covid-19, porque as subidas de divisão estão “em aberto” para os distritais.
“Estamos a aguardar desenvolvimentos. A decisão não é definitiva porque as associações reuniram-se com a Federação e ficou em aberto. Segundo a minha Associação de Futebol, a decisão ainda não está fechada para os clubes distritais”, afirmou Jaime Vieira à Lusa, reagindo ao comunicado da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que anunciou hoje o cancelamento de todas as competições não profissionais de futebol e futsal.
No comunicado, a FPF anunciou "dar por concluídas, sem vencedores, todas as suas competições seniores que se encontram nesta data suspensas, não sendo atribuídos títulos nem aplicado o regime de subidas e descidas".
O presidente do Rabo de Peixe disse ter a indicação de que a decisão da FPF não “incorpora para já os distritais” e defende que qualquer medida terá de incluir a subida da equipa ao Campeonato de Portugal.
“Por causa de mês e meio não se pode apagar a história de uma prova. Por isso, não pode haver outra decisão que não seja a participação do Rabo de Peixe no Campeonato de Portugal. Houve o vencedor de uma prova. Ponto. Não foi na secretaria, foi no campo”, avançou o presidente do clube açoriano, caracterizando a situação como um “não assunto”.
O Rabo de Peixe sagrou-se campeão dos Açores (o que garante a subida aos nacionais) a 08 de março, e aquando da suspensão da prova, quando faltavam oito jornadas para o fim, encontrava-se com 18 pontos de avanço para o segundo classificado, o Angrense.
Jaime Vieira diz que a não subida de divisão do Desportivo de Rabo de Peixe seria “uma grande injustiça” face ao trabalho dos jogadores, muitos deles pescadores de profissão naquela vila piscatória da ilha de São Miguel.
“Um jogador de Rabo de Peixe, que jogou em campo emprestado [o estádio em Rabo de Peixe está a ser reconstruído], treina mais tarde, vai depois para o mar, regressa às sete, oito da manhã, dorme um bocado e vai treinar a seguir. Como se diz a este jogador que o fruto do seu trabalho não valeu de nada?”, questionou.
Caso a subida aos nacionais não se concretize, o presidente do Rabo de Peixe disse que irá equacionar o encerramento do clube, uma “situação extrema” que terá de ser aprovada pelos sócios em assembleia geral.
“Até pode haver quem queira ficar com o clube, mas eu digo claramente e reforço a ideia: da minha parte, se eu for presidente, logicamente, todas as hipóteses vão estar em cima da mesa. Até a hipótese do fecho. Se não quiserem [os sócios], outros vão para o meu lugar e eu vou-me embora”, assinala.
O dirigente afirmou que umas das hipóteses poderá ser o aumento do número das equipas no Campeonato de Portugal na próxima época, caso não queiram “prejudicar” as equipas com a descida de divisão.
“Eu ponho a hipótese que se não quiserem prejudicar ninguém que não desça ninguém. Agora não podem é prejudicar quem teve competência”, assinala.
O presidente dos 'pescadores' avançou que faz parte de um “grupo de conversações” composto pelos primeiros classificados das diversas regiões distritais do país, que está a “analisar” as diversas questões sobre o encerramento das provas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito na quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
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