Meados dos anos 90. Um era apenas um jovem adepto atrevido de 16 anos. O outro era já uma referência no FC Porto. O que havia em comum entre André Villas-Boas e Domingos Paciência? Um inglês chamado Bobby Robson, que uniu para sempre os destinos dos treinadores que hoje vão lutar pela conquista da Liga Europa.
Antes de se tornar o treinador português mais jovem de sempre a sagrar-se campeão nacional, ao comando do FC Porto, André Villas-Boas era o vizinho de Bobby Robson, treinador dos dragões entre 1994 e 1996.
Indignado com a aparente indiferença a que Domingos era votado pelo treinador inglês, o jovem que um dia iria fazer história no Dragão escreveu uma carta em defesa do goleador portista de tantas épocas.
Impressionado com a atitude de André Villas-Boas, Robson trouxe-o para o clube e abriu-lhe portas para uma carreira que nunca foi planeada. Com efeito, se não fosse hoje o técnico do FC Porto, Villas-Boas poderia estar a escrever este texto, face ao seu desejo de enveredar pelo jornalismo. O resto do caminho fez-se ao lado de José Mourinho, com passagens pelo Chelsea, Inter, Académica (a solo) e o regresso ‘a casa’.
Paralelamente, Domingos ‘renasceria’ com Bobby Robson, tornando-se o melhor marcador do campeonato na despedida do treinador inglês de Portugal. O fim da carreira chegou poucos anos depois e daí ao início de uma nova vida como treinador foi uma desmarcação rápida. Primeiro nos escalões jovens dos dragões, com vista a assumir um dia o lugar que hoje pertence… ao seu jovem ‘defensor’.
Com o ‘trono’ portista ocupado, Domingos Paciência já anunciou a sua saída do Braga, depois de duas épocas históricas para o clube bracarense. O destino não confirmado será o Sporting, curiosamente o emblema que André Villas-Boas esteve para assumir no final da última época, mas que rejeitou para chegar ao FC Porto.
Esta noite, em Dublin, os caminhos destes jovens treinadores portugueses voltam a cruzar-se. A final da Liga Europa é um marco na carreira de André Villas-Boas e Domingos Paciência. De um lado, o ‘todo-poderoso’ FC Porto, invicto na Liga e temível na Europa. Do outro, o ‘pequenino’ Braga, que o seu técnico espera ver «bater o grande» e que deixou pelo caminho Liverpool, Dínamo Kiev e Benfica.
A primeira final europeia exclusivamente portuguesa está marcada para as 19h45, na Arena de Dublin.
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