José Mourinho não perde em casa desde Fevereiro de 2002, no jogo entre o FC Porto e o Real de Madrid (1-2 a favor dos merengues). Os dados não são novidade. José Mourinho é considerado um dos melhores treinadores do mundo, senão o melhor, mas a motivação e gosto por trabalhar com clubes, afasta-o do cargo de seleccionador nacional.

José Mourinho já recebeu muitos prémios, o mais recente foi atribuído pela Associação de Jornalistas de Desporto Portugueses. Mourinho aceitou o prémio CNID/MEO para melhor treinador português no estrangeiro no centro de estágio do Inter de Milão, o Appiano Gentile perante dezenas de jornalistas italianos e três portugueses. Foi nos bastidores do centro de estágio do líder do campeonato italiano que Mourinho parou para falar em português.

"Há cinco anos que não trabalho no meu país, mas sei o que o futebol significa para Portugal. Agrada-me que não se tenham esquecido de mim, mas como sempre, se pudesse trocar este prémio individual, por um colectivo, fazia-o. Vamos ver se no final da época vou conseguir vencer alguma coisa com a minha equipa", disse Mourinho na cerimónia de entrega do prémio.

Mas a sua relação com a imprensa é de longe saudável. Pelo menos no que diz respeito à imprensa estrangeira. “Comecei a perceber que quanto mais crescia na minha actividade profissional mais sobredimensionadas eram as minhas palavras, muitas vezes descontextualizadas. Comecei a perceber a problemática em torno disto e resguardei-me muito mais”, explica José Mourinho. A minha imprensa é uma conferência de imprensa antes e depois de um jogo, e um contacto pontual como este que estou a ter convosco, mas sou uma pessoa mais resguardada na quantidade de informação que sai,” referiu Mourinho para explicar a sua relação com a imprensa.

Mais longe deve estar o prémio de melhor treinador em Itália. Apenas porque os italianos não vêem com bons olhos ser um estrangeiro (português no caso) a liderar o campeonato. “Em Itália, os jogadores, treinadores, até a própria imprensa, ainda que tenham alguma espécie de relutância em afirmá-lo, porque há ali um certo proteccionismo, por exemplo, entre treinadores. Em 20 treinadores da série A, 18 são italianos, um é metade brasileiro e metade italiano, que é o Leonardo, e um estrangeiro”. Por esta razão, Mourinho considera ainda remota a hipótese de vir a ganhar o título de melhor treinador do ano em Itália. “Se calhar até fico em último, se calhar tenho de votar em mim próprio para ter um votinho. Ou se calhar tenho dois votos, um meu e um do Zenga que é Interista, é meu amigo e temos uma boa relação. Mas para mim o importante é uma consciência minha, que sou um dos melhores, e a consciência que os outros também sabem que eu sou um dos melhores. Agora se é o melhor ou não…”, garante “il speciale”.

Factos que também podem ajudar a explicar a falta de integração de Quaresma no futebol italiano.
Mas não é isto que desmotiva José Mourinho. O empenho e paixão que tem pelo trabalho, com o qual contacta desde muito novo, apesar de não ter sido jogador de futebol, é suficiente para o fazer manter-se na liderança do campeonato italiano. Numa conversa onde Mourinho mostrou um pouco do seu lado mais intimista, lembra o início da carreira, quando o criticavam por não ter sido jogador. “Quando no início me criticavam, costumava pensar: esquecem-se de uma coisa fundamental; eu sou deste mundo desde, muito, muito, muito pequenino. E vivi experiências e tenho recordações e momentos muito marcantes que eu não esqueço”.

A experiência que teve com o pai, jogador e treinador de clubes como o Belenenses ou o União de Leiria, ajudaram-no a vingar desde cedo no mundo do futebol. E o filho já lhe segue as pisadas.