O treinador português Paulo Fonseca assumiu que os elogios que tem recebido são fruto da forma de abordar o jogo do Shakhtar Donetsk, clube que levou ao título de campeão ucraniano de futebol nas duas últimas temporadas.

“É o reconhecimento da forma como queremos desenvolver jogo, que é uma forma arrojada, corajosa, que nos leva a ganhar mais vezes. Obviamente, para mim, ganhar não chega, é fundamental que a equipa seja dominante, tenha iniciativa, que seja audaz na sua forma de jogar”, disse, em entrevista à agência Lusa.

Para o treinador, de 42 anos, “o reconhecimento, principalmente por parte dos adversários, é altamente motivador”.

“Esta tentativa de valorizar o jogo, de valorizar o espetáculo, vai estar sempre nas minhas equipas, disso não tenho dúvidas nenhumas. Independentemente do clube em que treino”, afirmou.

Na sua terceira época à frente do Shakhtar, Paulo Fonseca garante estar “completamente adaptado” à Ucrânia, assumindo que está “num grande clube europeu”.

“Com as vitórias que temos conseguido, também nos valorizam muito. A forma como o Shakhtar joga é apreciada por toda a gente. Isso também nos permite uma valorização muito grande”, referiu.

Contudo, nem tudo é fácil para Paulo Fonseca na Ucrânia, uma vez que o Shakhtar teve de sair de Donetsk, devido ao conflito na Crimeia, treinando em Kiev e mudando-se para Kharkiv para os seus encontros em casa.

“É uma situação à qual estamos perfeitamente adaptados, mas que não é fácil. A equipa teve de se deslocar de Donetsk para Kiev, é aqui que temos o nosso dia a dia, que nós treinamos, que nos preparamos para os jogos, mas depois voltamos a não jogar aqui, jogamos em Kharkiv, o que implica sempre muitas viagens, muitas horas em hotéis, num espaço onde não temos os nossos adeptos. É uma situação que não é fácil, mas à qual estamos adaptados”, afirmou.

Embora Kharkiv já tenha “muitos adeptos do Shakhtar”, “não é a mesma coisa que jogar em Donetsk, que é onde a equipa tem os seus adeptos”, assume Paulo Fonseca.

“Preferíamos ter sempre o estádio cheio, com muitos adeptos, mas não é possível e a equipa tem de se adaptar às circunstâncias e isso dá mais valor às nossas vitórias. Conseguir ganhar é mais difícil, mas também nos valoriza mais”, considerou.

Desde que chegou à Ucrânia, Paulo Fonseca conquistou duas ligas ucranianas, duas Taças locais e uma Supertaça, depois de já ter vencido uma Taça de Portugal, ao serviço do Sporting de Braga, e uma Supertaça Cândido Oliveira, pelo FC Porto.

Além dos títulos, Paulo Fonseca ‘brilhou’ na última temporada, ao ser o primeiro treinador a derrotar o Manchester City, de Pep Guardiola, que vai reencontrar novamente na Liga dos Campeões, na terça-feira.

“É um grande desafio para nós, também do ponto de vista tático é aliciante podermos defrontar estas equipas, sabendo que são equipas muito fortes e muito difíceis de contrariar. Mais importante do que tudo é podermos ser iguais a nós próprios, podermos mostrar a nossa qualidade, como fizemos no ano passado, com a felicidade de termos vencido”, afirmou.

Para Paulo Fonseca, “o mais importante” é a equipa ter “a coragem de ter a iniciativa”, de ser igual a si própria, “independentemente de jogar contra o City ou contra outra equipa”.

“Acho que é unânime reconhecer que o Guardiola é um treinador diferenciado. Pela sua coragem, pela forma como desenvolve o jogo, pela forma como domina os jogos, pelo futebol que desenvolve. Acho que é uma referência, um treinador de grande qualidade e um treinador que admiro imenso”, referiu.

Neste momento, com duas jornadas disputadas, o Lyon lidera o Grupo F, com quatro pontos, mais um do que os ‘citizens’, mais dois do que o Shakthar e mais três do que o Hoffenheim, com Paulo Fonseca a assumir que a vitória dos franceses em Inglaterra “foi uma contrariedade”.

“Estávamos à espera que o City vencesse e veio complicar as contas. Ainda por cima não conseguimos vencer os nossos jogos. Mas está obviamente em aberto, vai ser muito difícil. Vamos lutar enquanto pudermos para tentarmos pelo menos o segundo lugar, mas sabendo que as coisas estão difíceis”, referiu.

Paulo Fonseca recordou ainda que o Shakhtar “está ligeiramente diferente em relação ao ano passado, há novos jogadores, novo enquadramento”, além das saídas de jogadores influentes como Fred, Bernard, Srna e Ferreyra, que se mudou para o Benfica, não devendo poder ainda contar com Tayson, lesionado.