O presidente do PAOK foi condenado a uma suspensão de três anos depois de ter invadido o campo com uma pistola à cintura com o intuito de intimidar o árbitro. A decisão da Federação Grega de Futebol foi conhecida esta quinta-feira e proíbe Ivan Savvidis de entrar em qualquer estádio de futebol durante esse período.

O Conselho de Disciplina grego atribuiu ainda uma derrota por 3-0 à equipa do PAOK frente ao AEK na partida onde o presidente invadiu o relvado. Recorde-se de que no encontro em causa, um golo anulado à equipa do PAOK perto do fim resultou numa invasão de campo onde o destaque foi para o presidente do clube que entrou armado no relvado acompanhado por quatro guarda-costas. Ivan Savvidis, já em tempo de descontos, depois de o árbitro ter anulado um golo que garantia o triunfo do PAOK e colocava a equipa na liderança da liga grega.

Para além da derrota, o PAOK vai ainda ter de disputar os próximos três jogos em casa à porta fechada por imposição do Conselho de Disciplina grego. Em termos de coimas,  Savvidis  foi multado em 100 mil euros.

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Recorde-se de que o campeonato grego está suspenso desde os acontecimentos no embate entre PAOK e AEK de Atenas. Na segunda-feira, a Liga Grega tinha anunciado que o futebol regressava este fim de semana após a paragem de quase três semanas.

Ivan Savvidis armado no relvado
Ivan Savvidis armado no relvado créditos: DR

No rescaldo da invasão, Ivan Savvidis, presidente do PAOK, já tinha deixado um pedido de desculpas aos adeptos do seu clube bem como a todos os apaixonados pelo futebol espalhados pelo mundo.

"Quero apresentar as minhas desculpas aos adeptos do PAOK, e a todos os que gostam de futebol”, disse Savvidis em comunicado.

Quem é Ivan Savvidis ?

O presidente do PAOK é um dos homens mais ricos da Grécia com um passado ligado à política. Dono do clube desde 2012, Savvidis já foi dono de parte do clube russo Rostov, que participa na Liga Russa antes de ter participação no clube grego.

A ligação à Rússia é grande uma vez que tem ascendência da zona do Cáucaso e serviu no exército soviético quando era mais novo. Fora do futebol, o dirigente tem 19% do canal de televisão MEga Channel e a editora Pegasus Publications que inclui dois jornais gregos. Mais recentemente, comprou o E Channel, um canal de televisão grega num acordo que ficou fechado no ano passado. Em termos de investimentos, o dirigente detém ainda 82% da empresa tabaqueira da Grécia.

No PAOK, Savvidis é responsável pela liquidez de várias dívidas que o clube detinha depois de chegar à presidência. Os valores ultrapassavam os 10 milhões de euros que foram saldados num curto espaço de tempo. Em 2013, um ano depois de chegar ao comando do PAOK, Savvidis foi listado na lista da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo.

Derrota na 'secretaria' relança campeonato

A derrota por 3-0 que foi atribuída ao PAOK aumentou a expetativa sobre quem será campeão na Grécia. Com poucas jornadas por disputar, há três equipas que estão na luta para ser campeão.

Para além do PAOK, Olympiakos e AEK também estão na corrida separadas apenas por cinco pontos entre o primeiro e o terceiro lugar. Após a decisão da Federação Grega de Futebol, o PAOK desceu de segundo para terceiro devido a derrota na 'secretaria' que deixa o AEK com quatro pontos de vantagem sobre o Olymapiakos e cinco sobre o PAOK.

Se não tivesse havido invasão, o PAOK estava muito perto de vencer o duelo com o AEK que colocaria a formação grega no primeiro lugar da classifcação. Na tabela, destaque ainda para o Olymapiakos que tem o pior cenário pela frente, uma vez que tem um jogo a mais do que os dois rivais na luta pelo título.

Confira as contas da Liga Grega AQUI.

Violência e suspensão do campeonato não é inédito

A suspensão da Liga Grega por motivos derivados de violência e contestação no futebol não é um caso inédito. Em 2015, o futebol grego passou por uma situação semelhante com o Panathinaikos no centro da questão. O 'Pana', na qualidade de segundo classificado da liga na altura, ia receber o Olympiakos, primeiro classificado, para o clássico de Atenas, mas as claques acabaram por estragar o encontro antes do seu início.

Os 'ultras' do Panatinhaikos lançaram foguetes para o campo juntos de um dos jogadores do Olympiakos. Alfred Finnbogason não foi atingido, mas a intenção de magoar um jogador levou a toda a equipa recusar entrar em campo para disputar o encontro por entenderem que não estavam reunidas as condições de segurança. Vitor Pereira era treinador do Olympiakos e também teve a sua quota parte das ações dos 'ultras' adversários.

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Na sequência da tomada de posição do Olympiakos, o relvado foi invadido por adeptos encapuçados que levaram à intervenção da polícia que foi obrigada a entrar em confronto com os 'invasores' que tinha transformado as placas de publicidade em armas para enfrentarem as forças de autoridade.

[caption]Momento da invasão de campo na Grécia[/caption]
Momento da invasão de campo na Grécia

No rescaldo do incidente a Liga Grega foi suspensa e os os clubes chegaram a um acordo sobre as medidas a adotar para combater a violência no futebol. Nessa reunião surgiu ainda um pedido para o governo aumentar o pessoal de segurança à volta dos estádios.

À semelhança desta segunda-feira, o governo também encerrou todas competições por tempo indeterminado. A segunda e terceira ligar também foram paralisadas como medida de prevenção.

O ano de 2015 no futebol grego ficou marcado por paralisações. A suspensão após os incidentes no Panathinaikos - Olympiakos foi a terceira vez nesse ano que o futebol ficou "em espera". Antes, a liga tinha estado suspensa uma semana devido à morte de Kostas Katsoulis, um adepto que tinha sido assassinado por rivais num jogo da terceira divisão grego.  Em novembro de 2015, um árbitro retirado também foi alvo de agressões em Atenas por dois 'ultras' que se aproximara numa mota. O ex-árbitro era diretor assistente do Comité Central de Arbitragens na Grécia e terá sido atacado devido a nomeações