A criação de uma Superliga europeia de futebol está a desencadear reações adversas de vários quadrantes, nomeadamente em Inglaterra e França, com Boris Johnson e Emmanuel Macron a manifestarem-se contra a iniciativa de alguns clubes de elite do continente.

A federação e a liga alemã da modalidade e a Associação Europeia de Clubes (ECA) também se juntam às vozes críticas, antes assumidas pelas instituições desportivas de Inglaterra, Itália e França, e também em Portugal pelo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença.

Boris Johnson, chefe do governo britânico, afirmou nas redes sociais que "os planos para uma Superliga europeia seriam muito prejudiciais para o futebol", pelo que apoia "as autoridades do futebol para que tomem medidas".

Para o governante, uma Superliga iria “apunhalar o coração do futebol nacional", defendendo que os clubes implicados "devem responder perante os adeptos antes de tomar qualquer medida".

O mesmo sentido seguiu Emmanuel Macron. Em comunicado, a presidência francesa garantiu que atuará por forma a proteger a integridade das competições das federações, tanto a nível interno como no plano europeu.

"O Presidente da República saúda a postura dos clubes franceses, que recusaram participar num projeto que ameaça o princípio da solidariedade e mérito desportivos", referiu.

Antes, o mesmo sentido crítico tinha sido assumido por UEFA, federações espanhola, inglesa e francesa, ligas destes três países. A federação e a liga alemãs, não tendo subscrito o mesmo comunicado, foram em tudo coincidentes mais tarde.

A UEFA reafirmou que excluirá os clubes que integrem uma eventual Superliga europeia de futebol, e que tomará “todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo” para inviabilizar a criação de um “projeto cínico”.

Na luta contra a pretensão de alguns dos mais poderosos clubes da Europa, a UEFA disse contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.

Em Portugal, Pedro Proença também foi muito crítico: “A hipótese da criação de uma Superliga europeia, pensada e desenhada por uma pequena elite com intenções exclusivas, é algo a que nos continuaremos a opor frontalmente. Uma insanidade que colocaria em causa todos os alicerces fundamentais em que o futebol sempre se desenvolveu”, defendeu o presidente da LPFP.

A UEFA deve anunciar na segunda-feira o novo formato das competições europeias a partir da época 2024, sendo esperado uma alteração no modelo da Liga dos Campeões e um aumento para 36 equipas.

Em janeiro, a FIFA já tinha avisado, num comunicado conjunto com as confederações do futebol mundial, que impediria de participar nas suas competições qualquer clube ou jogador que integrasse uma eventual competição de elite, disputada por convite por alguns dos maiores clubes europeus.