O TGV governado pelo maquinista Jorge Jesus, que passava por cima de tudo e todos, descarrilou a 17 de abril de 2024, quando perdeu com o Al Ain dos Emirados Árabes Unidos por 4-2, na 1.ª mão da Champions Asiática, que a equipa dos Emirados viria a ganhar. Caía assim por terra a fantástica sequência de 34 vitórias seguidas do Al Ahli da Arábia Saudita. Uma máquina de jogar futebol.
Nesse dia, Jorge Jesus escreveu com letras de ouro o novo recorde mundial de vitórias seguidas de equipa (34), mais sete do que o anterior máximo, que pertencia, desde 2016/17, aos galeses do The New Saints, com 27. A sequência 100 por cento vitoriosa do clube de Riade, entre jogos de campeonato (20 jogos), ‘Champions’ asiática (nove), Taça da Arábia Saudita (três) e Supertaça saudita (dois), tinha começado a 25 de setembro de 2023.
O título de campeão da Arábia Saudita, o 19.º do Al-Zaeem, seria confirmado a 11 de maio, num ano em que o português foi eleito Treinador do Ano da Arábia Saudita, depois de vencer a Taça do Rei e a Supertaça. A nível interno, foram 28 vitórias seguidas para o gigante de Riade, 57 jogos sem perder em competições locais, neste que é o maior feito da história do futebol saudita. Foram sete meses sem derrotas a nível oficial.
Nem eu esperava. O recorde entra para o Guinness Book, coloca o nome do Al Hilal lá por essas vitórias consecutivas, não quer dizer que outras equipas não o possam fazer, disse Jorge Jesus
O treinador natural da Amadora sagrou-se campeão nacional pela terceira vez, ao repetir os feitos rubricados com Benfica (2009/10, 2013/14 e 2014/15), em Portugal, e Flamengo (2019), no Brasil, mantendo o domínio luso na Arábia Saudita pela quarta época seguida.
A performance do técnico valeu-lhe a nomeação para Melhor Treinador do Mundo de cubes em 2024, pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), ao lado de Artur Jorge.
O técnico minhoto de 52 anos repetiu o feito do amadorense, depois de Jorge Jesus ter dito que será preciso esperar 50 anos para ver um técnico luso repetir o que fez no Flamengo quando venceu a Libertadores e o Brasileirão no mesmo ano, em 2019. Em seis anos, a Libertadores foi ganha por quatro vezes por técnicos portugueses.
Nem foi preciso esperar muito já que, dois anos depois, Abel Ferreira guiou o Palmeiras e logo a dois títulos consecutivos na Libertadores, em duas finais 100% brasileiras, ambas realizadas em 2021, devido à pandemia da covid-19. Ao contrário de Jesus e Artur Jorge, que venceram o Brasileirão e a Libertadores no mesmo ano, Abel Ferreira ganharia o Campeonato Brasileiro nos anos seguintes, em 2022 e 2023.
Ao contrário de Jorge Jesus, que já tinha currículo e montou uma super equipa no Al Hilal com ajuda dos petrodólares, Artur Jorge teve de 'exorcizar fantasmas' recentes do Botafogo para dar o terceiro título brasileiro ao Glorioso, e a sua primeira Libertadores.
Bastaram apenas oito meses para Artur Jorge retirar os adeptos do Fogão de uma depressão para os mergulhar num clima de festa sem fim, depois de o clube cariosa ter perdido para o Palmeiras o Brasleirão de 2023, numa época em que chegou a liderar com 14 pontos de vantagem sobre o Palmeiras.
É difícil escolher, um [título] é a regularidade [o campeonato], o outro é histórico. Mas, até pelo jogo que foi, se eu tiver mesmo que escolher um, escolho a 'Libertadores' por ser um troféu inédito no clube e internacional, disse Artur Jorge
A estreia até correu mal a Artur Jorge, já que perdeu por 3-2 diante do Cruzeiro a 14 de abril na ronda inaugural do Brasileirão, três dias depois de outro desaire, na Libertadores, diante do Liga de Quito (1-0), no Equador.
A equipa reforçou-se a meio da época com o médio internacional argentino Thiago Almada e com o avanlado brasileiro Igor Jesus, que se veio a juntar a Luiz Henrique no ataque. O investimento de 48 milhões de euros no plantel por parte do magnata norte-americano John Textor, dono da SAF (Sociedade Anónima do Futebol) do Botafogo, foi crucial para montar uma equipa que se fez forte contra os fortes na prova.
O Botafogo tomou a dianteira do Brasileirão após a 9.ª jornada e, aproveitando as escorregadelas dos adversários, foi-se mantendo na liderança ou nos primeiros lugares. Os triunfos diante dos principais concorrentes como Flamengo, Palmeiras, Fluminense, Corinthians, Atlético Mineiro, Vasco da Gama e Internacional ajudaram a equipa a manter-se na parte de cima da tabela. Os pontos perdidos com Bahia, Criciúma, Cruzeiro e Juventude não abalaram o Fogão na sua missão.
Os empates comprometedores na parte final do Brasileirão fizeram o Palmeiras sonhar mas o triunfo categórico por 3-1 no terreno a equipa de Abel Ferreira dissiparam as dúvidas para o título, confirmado com um triunfo sobre o São Paulo na derradeira jornada.
FOTOS: As melhores imagens do Atlético Mineiro-Botafogo
Antes do tão desejado Brasileirão, a equipa tinha erguido a Taça Libertadores pela primeira vez, numa final digna dos livros. O Botafogo viu-se a jogar com menos um quando, aos 40 segundos de jogo, o médio Gregore foi expulso com vermelho direto. Mesmo com menos um, superiorizou-se ao Atlético Mineiro para vencer por 3-1, numa final disputada no Monumental Nuñez, em Buenos Aires. Pelo caminho afastou Palmeiras (oitavos de final), São Paulo (quartos de final) e Peñarol (semifinal).
Mas Artur Jorge e Jorge Jesus não foram os únicos técnicos lusos a brilhar em 2024. Pedro Gonçalves tornou-se no primeiro treinador a apurar Angola para a Taça das Nações Africanas (CAN), sem qualquer derrota (quatro vitórias e dois empates).
Nuno Espírito Santo está a fazer um trabalho fantástico no Nottingham Forest, com a equipa nos lugares cimeiros da Premier League.
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