Portugal estreia-se na Taça das Confederações este domingo, na condição de campeão europeu, precisamente diante do grande veterano da prova. Isto porque, de todas as seleções presentes na competição este ano, a equipa de Juan Carlos Osorio não só é a equipa que soma mais presenças – esta é a sétima participação -, como também é a única formação que já ergueu o troféu, em 1999.
Não é de admirar, portanto, que os mexicanos sejam tidos como o principal obstáculo da equipa das quinas no Grupo A, principalmente depois de uma campanha imaculada no apuramento para o Mundial de 2018, encontrando-se na liderança isolada do grupo da CONCACAF, com 14 pontos conquistados em seis partidas (quatro vitórias e dois empates).
Curiosamente, fará no próximo domingo precisamente um ano desde a última derrota do México em jogos oficiais, uma pesada goleada ante o Chile (7-0), nos quartos de final da Copa América. Um resultado que, não obstante as boas exibições que se seguiram no caminho para o Campeonato do Mundo, ainda está bem vivo no pensamento dos mexicanos quando o tema da conversa é Juan Carlos Osorio.
O colombiano assumiu o comando técnico dos tricolores em outubro de 2015, três meses depois da conquista da Gold Cup, principal competição da CONCACAF e que catapultou o México para esta edição da Taça das Confederações. A eliminação na Copa América deixou o treinador com um pé fora, mas a consequente boa campanha rumo ao Mundial na Rússia conseguiu atenuar o clima de tensão.
Osorio, de resto, tem-se destacado pela introdução de alguns conceitos inovadores numa equipa que conjuga na perfeição criatividade e experiência, bem como pela forma como rentabilizou talentos individuais como Javier ‘Chicharito’ Hernandez, Héctor Moreno, Carlos Vela ou Raúl Jiménez, sem nunca descurar o entrosamento entre os jogadores dentro das quatro linhas. Algo que, por exemplo, Edgardo Bauza, na Argentina, nunca conseguiu.
“O futebol mexicano está a passar um bom momento e esta prova seria um passo importante para continuar a progredir e a construir a equipa que todos desejamos e que possa ganhar em qualquer lugar ou diante de qualquer adversário”, disse o selecionador aquando da chegada à Rússia.
O técnico colombiano desvalorizou ainda o facto de a sua equipa ter pela frente um ‘extraterrestre’ chamado Cristiano Ronaldo. “Vamos jogar contra Portugal e não contra Ronaldo ou qualquer outro valor individual”, realçou após ser questionado sobre o capitão da equipa das quinas.
Antes de viajar para a Rússia, recorde-se, o México recebeu e venceu as Honduras, por 3-0, e empatou em casa com os Estados Unidos (1-1), em dois jogos a contar para a fase de apuramento para o Campeonato do Mundo.
Amigos, amigos, seleções à parte
Em Kazan, Portugal irá encontrar algumas caras conhecidas do futebol português. Miguel Layún e Héctor Herrera, do FC Porto, e Raúl Jiménez, do Benfica, prometem complicar a tarefa dos comandados de Fernando Santos. Em sentido inverso, Jesús Corona, jogador que também representa os 'dragões', pediu para ser excluído da convocatória invocando problemas pessoais.
Depois de uma excelente reta final no Benfica, Jiménez vai agora discutir um lugar no onze com Chicharito, jogador que no final de maio passou a ser o maior goleador da história do seu país, com 47 tentos em 92 jogos. O atacante do Bayer Leverkusen, de resto, continua a ser o principal perigo da equipa mexicana.
Miguel Layún, por sua vez, vem de uma temporada apagada no FC Porto – muitas são as notícias que dão conta da saída do lateral este verão - mas continua a ser um elemento importante para Juan Carlos Osorio. Héctor Herrera acaba por ser o caso mais contraditório. Extremamente contestado no Dragão, o médio perdulário e com poucas ideias nos ‘azuis e brancos’ é um dos intocáveis no onze azteca, principalmente pelo equilíbrio defensivo que confere ao meio-campo.
Um duelo de pouca história
Apesar de serem duas seleções com presenças habituais em Campeonatos do Mundo, sobretudo nas duas últimas décadas, este será apenas o segundo jogo oficial entre Portugal e México. O primeiro ocorreu há mais de dez anos, na fase de grupos do Mundial de 2006, na Alemanha, com a vitória a sorrir à formação lusa, por 2-1. Maniche e Simão Sabrosa marcaram para a equipa das quinas, na altura liderada por Luiz Felipe Scolari, enquanto Kikin Fonseca, que dias mais tarde iria assinar pelo Benfica, reduziu para a tricolor.
Além do duelo em Gelsenkirchen, ambas as equipas defrontaram-se por mais duas ocasiões, em encontros particulares: primeiro em 1969, em Lisboa, e mais recentemente, em 2014, em Boston, nos Estados Unidos.
O encontro entre Portugal e México está marcado para o próximo domingo, a partir das 16 horas (hora de Portugal continental), na primeira jornada do grupo A da Taça das Confederações.
*artigo originalmente publicado no dia 16 de junho, às 12h35
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