A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) está preparada para uma época atípica na retoma dos campeonatos não profissionais, dada a prioridade à saúde pública, devido à pandemia de covid-19, disse hoje à Lusa o Diretor Técnico Nacional.
“Adiar jogos será normal e não nos assusta. Provavelmente, acontecerá todos os fins de semana”, afirmou José Couceiro, em entrevista à agência Lusa, dois dias antes do arranque do Campeonato de Portugal, que foram cancelados na temporada anterior, devido à pandemia.
Assumindo-se convencido de que as competições não voltarão a ser interrompidas, o diretor federativo reconhece que “isso dependerá em parte do comportamento de todos os agentes desportivos no respeito pelas normas de saúde pública, mas também dependerá da evolução global da pandemia”.
“Se entendermos interrupção como jornadas que não se jogam por inteiro e jogos adiados dir-lhe-ei que sim, isso sucederá. Esta vai ser uma época atípica, condicionada pelos efeitos da pandemia, e foi sobre isso que pensámos em março e abril quando introduzimos alterações nos quadros competitivos das provas seniores e adaptámos formatos e regulamentos”, sublinhou.
O Campeonato de Portugal começa no fim de semana com um total de 95 equipas (sete séries de oito e uma com sete, devido à desistência, após o sorteio, dos algarvios do Armacenenses), sendo pela última vez o terceiro escalão nacional, atendendo à criação da III Liga, em 2021/22.
Mesmo atendendo a esta dimensão e dispersão geográfica, José Couceiro reitera que “a prioridade é a saúde pública e a segurança de todos os elementos que estarão envolvidos na realização e organização de um jogo, de jogadores a dirigentes, de árbitros a funcionários”.
“Não abdicaremos desse princípio no quadro das nossas responsabilidades”, vincou, acrescentando que a FPF “estipulou em regulamento a forma como seria feita a retoma das competições seniores”, seguindo a orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) para os desportos coletivos.
Segundo Couceiro, “além do documento, o departamento de competições da FPF tem mantido reuniões de trabalho com os clubes, procurando dar-lhes todo o apoio numa fase em que é natural que existam dúvidas”.
“A FPF procurará trabalhar em relação estreita com as autoridades de saúde e não terá qualquer problema em adiar jogos. Preparámo-nos para isso. Foi muito duro para todos não poder concluir as competições na época passada, não gostaríamos de voltar a passar para isso. Mas sabemos que a saúde é a prioridade de todos”, reforçou.
O Campeonato de Portugal vai ser reatado sem público nos estádios, à exceção dos jogos disputados no arquipélago dos Açores, onde é permitida a assistência de 10% da capacidade dos recintos, estando a FPF a preparar apoios para os clubes, apesar das limitações.
“Os clubes têm contado com o apoio da FPF que, desde o início da pandemia, criou linhas de financiamento e fundos de apoio para fazer face a uma situação de emergência nacional. A FPF também está a ser altamente penalizada em termos de receitas, pelo que a nossa capacidade de auxiliar tem, obviamente, limites”, reconheceu.
Mesmo assim, o Diretor Técnico Nacional assegurou que a FPF vai continuar “a procurar apoiar os clubes e em breve haverá novidades”.
“Sabemos que o início de época será especialmente complicado. Algumas equipas do Campeonato de Portugal não estarão ainda totalmente preparadas para o arranque, uma vez que o ‘ok’ da DGS aconteceu apenas no final de agosto, pelo que esse facto também levará a alguns adiamentos no mês de setembro”, rematou.
Dos 47 jogos da primeira jornada, contam-se, pelo menos, oito adiamentos, entre os quais o da visita do Vitória de Setúbal, que foi despromovido administrativamente da I Liga, ao Moura.
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