O presidente da Associação de Futebol de Portalegre (AFP) disse hoje que o Villa Athletic Club reunia as condições legais para disputar as provas em que continua inserido, não sendo possível àquele organismo rejeitar a sua inscrição.

“Um clube, para se filiar na AFP, como em qualquer associação de futebol do país, tem de ser um clube legalmente constituído, com estatutos e órgãos sociais e ter sede e campo na área de jurisdição dessa associação, e foi o que aconteceu”, disse Daniel Pina.

O presidente da AFP, que falava no decorrer de uma conferência de imprensa, explicou que o Villa Athletic Club “reunia todos esses requisitos” e solicitou filiação na AFP, que, por sua vez, submeteu na “Plataforma Score” toda a documentação exigida para aprovação pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a qual “veio a acontecer” no dia 01 de agosto.

“A AFP, por ser uma Entidade de Utilidade Pública, não pode recusar sócios desde que cumpram os requisitos que já mencionei e após a validação da FPF”, acrescentou.

“Não foi a AFP que criou o clube, não foi a AFP que fez os estatutos do clube, não foi a AFP que elegeu os órgãos sociais do clube, não foi a AFP que arrendou uma loja em Ponte de Sor para sede do clube e não foi a AFP que cedeu o Estádio Municipal de Ponte de Sor ao clube”, sublinhou.

Daniel Pina, que fez ainda questão de esclarecer que a AFP “não se pronuncia” sobre questões internas dos clubes seus filiados e, em particular, sobre os problemas de organização no Villa Athletic Club, deixou no entanto uma “palavra de conforto e solidariedade” aos jogadores.

A Câmara Municipal de Ponte de Sor anunciou na terça-feira, através de comunicado, que revogou a cedência das instalações do seu Estádio Municipal e recinto multiúsos ao Villa Athletic Club, para os jogos de futebol da época 2022/2023.

A decisão abarca os jogos oficiais nas categorias de seniores e juniores das competições realizadas pela AFP e ocorre na sequência da falta de comparência do Villa, enquanto visitado, no jogo da primeira jornada da Taça Remax de Portalegre, no dia 09 de outubro, sem que a autarquia "fosse oficialmente informada do motivo para esta falta de comparência, tendo cumprido todos os requisitos logísticos relativos à disponibilização dos recursos inerentes à realização da partida".

O Villa Athletic Club foi fundado em 14 de junho de 2022, em Ponte de Sor, e tem estado a braços com sérias dificuldades, já que “os investimentos iniciais previstos não se concretizaram” e o clube está agora a “ter algumas dificuldades ao nível de patrocínios diretos com marcas”, revelou também na terça-feira Fábio Lopes, presidente do clube, em comunicado enviado à Lusa.

Na segunda ronda, no domingo, em Elvas, o Villa apresentou-se com 12 jogadores, sem equipa técnica e com equipamento emprestado pelo Grupo Desportivo Samora Correia.

Quatro jogadores manifestaram também na terça-feira o seu desagrado com alegados salários em atraso e falta de condições ao presidente do clube, à porta do Grupo Renascença, em Lisboa, segundo a edição ‘online’ do jornal desportivo Record.

Questionado pelos jornalistas sobre o futuro do clube nas competições da AFP, Daniel Pina explicou que o Villa Athletic Club tem de indicar “com a maior brevidade possível” o campo onde irá jogar, caso não o faça “não pode continuar filiado” naquela associação.

No decorrer do encontro com os jornalistas, Daniel Pina reconheceu que poderá ser “mais apetecível” aos clubes que têm como objetivo atingir outros escalões, nomeadamente o Campeonato de Portugal, ingressar nas provas da AFP ou noutras associações, em particular no interior, que reúnam poucos clubes.

“Em sítios onde há menos clubes, onde só há uma divisão, em que o campeão tem acesso diretamente às provas nacionais, obviamente que se torna mais apetecíveis, mas são fatores que nós não controlamos”, disse.

Desde a época desportiva 2015/2016 até à presente data, a equipa do Futebol Clube Mosteirense, no concelho de Arronches (Portalegre), sagrou-se campeã distrital de futebol por três ocasiões, mas a mesma formação não disputou o Campeonato de Portugal.