Mais uma Libertadores com dedo português! O Palmeiras, comandado por Abel Ferreira, sagrou-se campeão sul-americano ao bater o Santos na final do Maracanã. O golo de Breno Lopes, aos 90+9', dá a segunda Libertadores da história do Palmeiras, depois da conquista em 1999, com Scolari.
Abel Ferreira apostou no seu onze tipo para a final deste sábado, enquanto do outro lado Cuca promoveu uma alteração com a entrada de Sandry para o lugar de Lucas Braga.
Depois de um minuto de silêncio em memória das vítimas da COVID-19, começou-se a jogar no Maracanã e o primeiro grande momento do jogo surgiu aos três minutos quando John, guarda-redes do Santos, fez uma enorme defesa a uma bomba de Zé Rafael que nem era necessária, porque já havia falta do jogador do Palmeiras.
O Palmeiras dava iniciativa ao ‘Peixe’, que ia percorrendo o corredor direito aos poucos, mas devagar devagarinho, o Santos criou a primeira oportunidade quando Pará, de pé esquerdo, atirou ao lado da baliza defendida por Weverton.
Os oito minutos saiu o primeiro amarelo da partida e logo para um nome de que muito se tem ouvido falar com Portugal nos últimos tempos: Lucas Veríssimo foi amarelado logo aos oito minutos, depois de uma dura falta sobre Rony. Minutos depois, aos 11’, primeira jogada – a valer – de perigo do Palmeiras, com Rony, pela esquerda, a tentar o cruzamento já bem dentro da grande área. Valeu a defesa do Peixe.
Aos 14’, o Palmeiras voltou a rondar com perigo a baliza de John quando, após canto, Gómez cabeceou por cima da baliza do Santos.
A partida entrava numa fase mais faltosa, mais quentinha (mais do que os 32 graus que se sentiam no Rio), com o árbitro argentino Patrício Loustau a apitar por várias vezes, o que não ajudava ao ritmo de jogo.
Aos 20 minutos, o Santos respondeu ao perigo criado pelo ‘verdão’, com Viña a ser obrigado a cortar o cruzamento que levava perigo de Marinho.
A primeira oportunidade clara de golo surgiu aos 37 minutos quando Raphael Veiga, depois de uma perda de bola do Santos, arranca pela grande área do ‘Peixe’ e remata cruzado, com a bola a passar muito perto do poste da baliza. No minuto seguinte, foi o Santos, com Marinho a falhar o cabeceamento, após cruzamento de Jonatan.
Chegávamos ao intervalo com um marcador inalterado, um resultado que se justificava, num jogo que estava a ficar claramente aquém das expetativas, com zero remates enquadrados no final dos primeiros 45 minutos.
Sem mudanças nas equipas, o jogo recomeçou com o Palmeiras a chegar com perigo à grande área, quando Luiz Adriano recebeu a bola já na área do Santos, mas o lance estava invalidado por falta. Minutos depois, aos 53’, foi Rony a falhar por pouco o cabeceamento, depois de um belo cruzamento para o segundo poste de Gabriel Menino.
O Santos respondeu aos 59 minutos, através de livre direto após falta de Viña sobre Marinho. O avançado do Santos foi o responsável pela marcação da falta e pelo cruzamento que criou a primeira grande oportunidade do 'Peixe'. Lucas Veríssimo fugiu à defesa do Palmeiras para chegar ao segundo poste, mas com o timing errado que não permitiu o cabeceamento.
Eram as bolas paradas que iam criando perigo e aos 63 minutos, fruto de livre direto, Raphael Veiga, com um míssil, quase que acertava em cheio 'na gaveta'. Faltou o quase e a bola passou a rasar a barra.
Aos 76 minutos, Weverton foi obrigado a uma grande intervenção para travar a 'bomba' de Pituca, ainda do exterior da grande área. Na recarga, Jonatan atirou por cima da trave da baliza 'alviverde'.
Nos últimos dez minutos, o cansaço das duas equipas era visível e as oportunidades foram poucas. Só em cima do minuto 90, surgiu uma boa oportunidade com o remate de Kaio Jorge a ir diretamente às mãos de Weverton.
O Santos ficou sem o seu treinador no banco aos 90+5 (cinco de oito minutos dados pelo árbitro), quando Cuca impediu que Marco Rocha agarrasse a bola para a repor em campo, com o jogador do Palmeiras a dar um encosto ao técnico. O árbitro argentino mostrou vermelho direto ao treinador do Peixe.
E quando o prolongamento parecia certo, eis o golo! Breno Lopes, que tinha entrado no decorrer da segunda parte, apareceu no sitio certo para cabecear para o fundo da baliza do Santos, aos 90+9', após cruzamento de Rony.
Nuns últimos minutos cautelosos, venceu a equipa que não cometeu erros e aproveitou o único erro do adversário. O Palmeiras arrecada a sua segunda Libertadores, depois da conquista de 1999 com Scolari. A segunda tem dedo de Abel Ferreira, naquela que é a segunda conquista de um técnico português da mais importante prova de clubes do futebol sul-americano e, de novo, graças a um golo nos descontos.
Bicampeonato de treinadores portugueses
Abel Ferreira tornou-se, este sábado, no segundo treinador português a vencer uma prova continental na América Latina e igualar o feito de Jorge Jesus, técnico que levou o Flamengo ao título na Taça Libertadores da América na época passada.
Com a vitória por 1-0 frente ao Santos, o técnico replicou o sucesso sul-americano de Jesus, o africano de Manuel José e europeu de Artur Jorge, José Mourinho e André Villas-Boas.
Foi o primeiro título da carreira do técnico e logo um dos grandes, na maior prova de clube da América do Sul. É a segunda vez na história da mítica prova que um técnico português vence a prova, sendo o país europeu que mais treinadores vencedores deu à prova, descolando da antiga Jugoslávia (Mirko Jozic, 1991).
É a primeira vez desde 2015 que treinadores do mesmo país vencem a prova de forma consecutiva, depois das vitórias dos argentinos Edgardo Bauza e Marcelo Gallardo em 2014 e 2015 respetivamente. A maior série de técnicos de uma nacionalidade a vencerem a prova de forma consecutiva é de quatro vitórias de técnicos argentinos (1967-1969, 1972-1975,2000-2003) e brasileiros (2010-2013).
A vitória de Abel Ferreira ao comando do Palmeiras é apenas a sétima vez em toda a história da Libertadores que um técnico estrangeiro (ou seja, de país diferente da equipa que treina) se sagra campeão da prova. O último foi Jorge Jesus.
A segunda vitória lusa na Libertadores, a sexta a nível continental
A vitória do Palmeiras, Abel Ferreira tornou-se no segundo português a conquistar a prova sul-americana, depois de Jorge Jesus com o Flamengo, no ano passado.
Na final disputada no Monumental de Lima, no Peru, o Flamengo ficou a perder aos 14 minutos, graças a golo de Borré, um golo que intranquilizou a equipa de ‘JJ’. Só que o final – um final à Hollywood – guardava uma reviravolta épica e Gabriel Barbosa, mais conhecido por ‘Gabigol’ apontou um bis em três minutos (89’ e 90+2’) e entregou o título ao Flamengo e a Jorge Jesus.
Antes de Jorge Jesus, os técnicos lusos estavam a 'zero' na prova 'rainha' da América do Sul, apesar de já somarem triunfos em outros dois continentes, sendo que o melhor currículo é o de Manuel José, que levou os egípcios do Al-Ahly a quatro vitórias na 'Champions' africana.
Presentemente com 74 anos, Manuel José de Jesus Silva colecionou um total de 20 títulos pelo conjunto da cidade do Cairo, onde é considerado um 'Deus', incluindo quatro vitórias na Liga dos Campeões da CAF, em 2001, 2005, 2006 e 2008.
Os sul-africanos do Mamelodi Sundowns (1-1 fora e 3-0 em casa), em 2001, os tunisinos do Étoile du Sahel (0-0 fora e 3-0 em casa), em 2005, e do CS Sfaxien (1-1 em casa e 1-0 fora), em 2006, e os camaroneses do Coton Sport (2-0 em casa e 2-2 fora), em 2008, foram as equipas derrotadas pelo Al-Ahly.
O técnico que em Portugal treinou, entre outras equipas, o Benfica, o Sporting e o Boavista, ao serviço do qual conquistou uma Taça de Portugal (1991/92) e uma Supertaça (1992), ainda disputou uma quinta final, que perdeu, em 2007, num segundo duelo com o Étoile du Sahel (0-0 fora e 1-3 em casa).
Com quatro títulos de campeão africano, Manuel José está num lugar ímpar entre os treinadores portugueses, sendo que as restantes conquistas aconteceram na Europa, onde o primeiro a vencer foi Artur Jorge, o ‘rei’ Artur, agora com 73 anos.
Depois do húngaro Béla Guttmann ter conduzido o Benfica a duas vitórias na Taça dos Campeões Europeus, em 1960/61 e 1961/62, foi um português, Artur Jorge, a dar o primeiro cetro europeu ao FC Porto, na temporada 1986/87.
Em Viena, um golo de calcanhar do mágico argelino Rabah Madjer e um tento do suplente brasileiro Juary, depois de Ludwig Kögl ter dado vantagem ao Bayern Munique, permitiram aos ‘dragões’ baterem os alemães por 2-1 e sagrarem-se campeões da Europa.
O segundo treinador luso a vencer a principal prova europeia de clubes também o conseguiu ao comando do FC Porto, foi José Mourinho - na quarta-feira confirmado como novo técnico do Tottenham -, já em plena ‘era Champions’, na época 2003/04.
Um ano após ganhar a Taça UEFA, Mourinho deu o segundo título europeu aos ‘dragões’, com um triunfo categórico por 3-0 na final com o Mónaco, batido em Gelsenkirchen com tentos do brasileiro Carlos Alberto, do internacional luso Deco e do russo Alenichev.
Foi o primeiro de dois títulos europeus para ‘Mou’, que voltou a ganhar seis anos depois, em 2009/10, agora como treinador principal do Inter Milão, que, na final de Madrid, superou o Bayern Munique por 2-0, com um ‘bis’ do argentino Diego Milito.
O outro técnico luso que conta no palmarés com uma ‘Champions’ é André Villas-Boas, ex-adjunto de Mourinho, que, em 2011/12, começou a época no Chelsea, mas não a acabou, sendo despedido em 04 de março de 2012, a ‘meio’ dos oitavos de final.
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