Foi jogador de Jorge Jesus nos tempos de V. Setúbal, Belenenses e SC Braga e não se mostra surpreendido com o sucesso do técnico português no Brasil. Em entrevista ao SAPO Desporto, Albert Meyong, antigo avançado e adjunto de Julio Velázquez no V. Setúbal, desfez-se em elogios ao timoneiro português do momento. O ex-dianteiro acredita que o amadorense vai ganhar tudo o que há para ganhar no Brasil e antecipa-lhe outros voos.
SAPO Desporto: De que recorda dos tempos em que Jorge Jesus o treinou, ele já era assim determinad0?
Albert Meyong: Ele era o mesmo homem, com a mesma determinação. Já não é o mesmo porque melhorou muito. Trabalhava muito a tática, preparava muito bem os jogos, analisava o adversário. O treino variava sempre consoante o adversário e enquanto as coisas não corriam como ele queria, o treino não acabava. Mas ele era muito presente e muito ativo e acho que continua assim. É o mesmo Jesus, mas melhor.
SD: Nos tempos em que foi seu jogador, ele já passava o tempo todo a dar instruções para dentro do campo?
Albert Meyong: Sim, ele é um treinador que gosta de jogadores inteligentes porque é muito importante um jogador que perceber bem quais são os momentos do jogo. Uma coisa são os treinos, outra são os jogos. Um jogador tem que estar preparado para lidar com a pressão. E para Jesus, a inteligência é muito importante. Nunca tive problema com ele, porque percebia bem o jogo. A maioria dos jogadores que trabalharam com ele melhoram. Ele era muito 'chato', mas no fim os jogadores acabavam por perceber que ele tinha razão e melhoraram. Ele sempre teve bom relacionamento com os jogadores.
SD: Via-o a chegar onde ele chegou?
AM: Quem o conhece e quem trabalhou com ele não pode estar surpreendido. Ele próprio sabia que ia chegar lá e ele próprio ainda não chegou onde ele quer chegar. É uma pessoa muito ambiciosa, confiante e sabe para onde quer ir. E com a qualidade e a dedicação que ele tem é normal que consiga os objetivos. Está muito bem, mas ele quer mais.
SD: O que é que espera da final da Libertadores entre o River e o Flamengo?
AM: "Não vai ser um jogo fácil, apesar do Flamengo ter melhor equipa. Uma final é uma final. Ele sabe que vai um jogo difícil. Não se sabe como os jogadores vão reagir. Eles é que jogam e no final são eles que estão em campo. A mentalidade é muito importante. Como é que os jogadores vão lidar com a pressão? A final é só um jogo. Há muito factores que entram e tudo pode acontecer. E quem está no mundo do futebol sabe que num jogo nem sempre o melhor ganha. O Flamengo tem claramente a melhor equipa, mas isso não chega.
AM: Como tem acompanhado o trabalho do técnico português no Flamengo?
"Quando soube que o Jesus ia para lá já sabia que ele iria revolucionar o futebol do Flamengo. Normalmente as equipas do Jesus, como já disse, são muito fortes taticamente. E como ele conseguiu ter um plantel de qualidade torna-se mais evidente a diferença. Consegue impor mais ritmo, porque a maneira de trabalhar dele é intensa. Sabemos que o futebol brasileiro é intenso, mas menos agressivo, mas com qualidade. Na Europa é muito rápido e muito físico e ele está a tentar impor essa forma de jogar. Acho que ele vai conseguir ganhar tudo o que há para ganhar no Brasil.
SD: Que ensinamentos leva do contacto com Jesus?
AM: A dedicação e a exigência porque um treinador tem que ser exigente. Quando os jogadores estão a treinar, tem que se exigir o máximo de jogadores.
SD: E se se as coisas correrem bem no Flamengo para onde irá Jesus?
AM: Os conhecimentos dele não têm limite. É um treinador que tem competência para treinar qualquer equipa. Começou de baixo e foi com trabalho que chegou onde ele chegou e é com trabalho que vai chegar ainda mais longe.
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