Estávamos a 17 de março de 2020. Perante o alastrar da pandemia de COVID-19, a UEFA confirmava oficialmente o adiamento, por um ano, do Campeonato da Europa de 2020, que ainda assim manteria a mesma designação de UEFA EURO 2020. E eis que chegamos a 4 de março de 2021. Esta quarta-feira assinalam-se, assim, os 100 dias para a nova data marcada para o pontapé de saída da prova: 11 de junho de 2021. As incógnitas, porém, são ainda muitas. Certezas, só uma: Portugal vai lá estar para defender o título conquistado a 10 de julho de 2016, em França.

Mas 'lá', onde? Essa é só uma das muitas incertezas que envolvem a competição, com a COVID-19 longe de ter deixado de ser um problema para os governos dos vários países europeus e, naturalmente, para a UEFA, como se viu recentemente com o reajustar dos palcos de vários jogos dos 16 avos de final da Liga Europa e dos oitavos de final da Liga dos Campeões, face às restrições de deslocações e viagens entre vários países europeus.

Um EURO que procurava celebrar a Europa e que se revela um problema

Quando, há já largos anos, a UEFA anunciou que o EURO 2020, para assinalar os 60 anos desde a primeira edição da competição, iria celebrar a união do futebol europeu e, pela primeira vez, decorrer em 12 cidades espalhadas por múltiplos países do 'velho continente', tinha consciência de que em termos logísticos seria um EURO diferente. Mas estaria longe de prever os constrangimentos que tal iria causar perante um então inimaginável cenário de pandemia global.

Assim, a 100 dias do início da competição, não se sabe ainda ao certo como e onde vai, efetivamente, decorrer a prova. O jogo de abertura está marcado para Roma, a 11 de junho, entre a Itália e a Turquia. A decisão da prova decorrerá, depois, em Londres, com a final marcada para 11 de julho no Estádio de Wembley.

Apesar de o futebol profissional ter conseguido retomar a atividade, graças a rigorosos protocolos de testes, os jogos continuam a ser disputados em estádios vazios na maior parte dos países escolhidos para albergar partidas do próximo Campeonato da Europa. Para já, a UEFA mantém-se fiel à sua ideia inicial e ainda não deu qualquer indício de as cidades de Londres, Glasgow, Dublin, Amesterdão, Copenhaga, São Petersburgo, Bilbau, Munique, Budapeste, Baku, Roma e Bucareste receberem os respetivos jogos que lhes estavam originalmente destinados.

Ainda assim, o organismo máximo do futebol europeu deu às cidades anfitriãs um prazo, até ao início de abril, para confirmarem se estavam em condições de receber ou não espectadores nos estádios e que percentagem dos recintos estes poderiam ocupar.

"Os adeptos são muito do que torna o futebol tão especial. Temos de tentar fazer tudo para lhes dar a possibilidade de regressarem aos estádios", afirmou em janeiro, sobre esta questão, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin.

Inglaterra disponível para receber todo o torneio?

A logística das viagens, bem como as consequências económicas de disputar um torneio internacional à porta fechada levam a que sejam considerados planos de contingência. Começaram, então, a surgir rumores que para possibilitar a venda de mais bilhetes o evento poderia vir a ser, afinal, realizado num só país.

E, com o processo de vacinação no Reino Unido a correr sobre rodas em comparação com grande parte dos restantes países escolhidos para acolher jogos, começou a correr o rumor de que o país estaria disponível para albergar, sozinho, o torneio. À disposição tem inúmeros estádios da Premier League com capacidade para permitirem um número aceitável de espectadores, mesmo perante naturais limitações de lotação.

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Um assessor do primeiro ministro britânico, Boris Johnson, disse contudo que tal se tratava, apenas de "pura especulação", reforçando que "é à UEFA que decidir como o torneio será realizado e que "esta continua determinada a manter o atual formato delineado para a prova".

Ainda assim, a verdade é que, de acordo com o plano de desconfinamento apresentado pelo governo britânico, os estádios do país poderão passar a acolher até 10 mil espectadores a partir de 17 de maio, ainda que a lotação total nunca venha a ser permitida antes de 21 de junho. As meias-finais, marcadas para o Reno Unido, vão decorrer a 6 e 7 de julho, com a final marcada para dia 11, mas o primeiro encontro previsto para o para Londres está agendado para 13 de junho.

O melhor cenário: estádios com cerca de 25 a 30% da lotação

Outro constrangimento será, naturalmente, a deslocação dos adeptos que desejem viajar para acompanhar as respetivas seleções. Em declarações à AFP, Ronan Evain, diretor executivo da Associação de Adeptos Europeus, reconheceu que "no melhor dos cenários os estádios estarão com uma lotação de 25 a 30%  das suas capacidades", acrescentando que muitos dos adeptos que tinham adquirido bilhetes estão a pensar cancelar as suas reservas.

"É possível que alguns países não venham mesmo a permitir quaisquer espectadores que não sejam aí residentes, mas há a possibilidade de alguns abrirem um corredor especial com voos e transporte de autocarro direto do aeroporto para os estádios", acrescentou, sublinhando contudo não ser esta "necessariamente uma perspetiva muito atrativa para muita gente".

Ainda assim, a hipótese de virem a ser permitidos alguns adeptos nos estádios do EURO 2020, pelo menos nalguns países, com as medidas de confinamento a serem aligeiradas a pouco e pouco, à medida que o verão se vai aproximando, oferecem algum entusiasmo no que toca à possibilidade de o entusiasmo em relação à prova voltar a crescer. Será essa a esperança da UEFA que, ainda assim, mais cedo ou mais tarde terá de tomar decisões definitivas.

O que espera Portugal

Campeão em título, Portugal ultrapassou a fase de qualificação e vai defender o troféu no EURO 2021. A seleção nacional foi sorteada para disputar o Grupo F, apelidado por muitos como o 'grupo da morte', ao lado de França, Alemanha e Hungria.

A estreia será, precisamente, frente à seleção húngara, uma das anfitriãs, a 15 de junho, pelas 17h00, na Arena Puskas, em Budapeste. Seguir-se-á um embate com outra das anfitriãs, a Alemanha, a 19 de junho, também pelas 17h00, na Allianz Arena, em Munique. O terceiro jogo - uma reedição da final do EURO 2016 - será a 23 de junho, pelas 20h00, frente á França, novamente na Arena Puskas, em Budapeste.

Depois, caso ultrapasse a fase de grupos, serão muitos os possíveis destinos da seleção nacional. Se vencer o grupo jogará em Bucareste, na Roménia; se ficar no segundo posto, atuará em Dublin, na Irlanda. Se ficar em terceiro lugar e foi um dos quatro terceiros classificados apurados, poderá jogar em Bilbau, Espanha, ou, uma vez mais em Budapeste.