Carolina Correia, defesa central de 23 anos, capitaneou o Torreense na maior conquista da história do clube. A formação de Torres Vedras superou o favorito Benfica no prolongamento (2-1) e venceu a Taça de Portugal, no passado dia 17 de maio.

Em entrevista exclusiva ao SAPO Desporto, a jogadora portuguesa explicou o que sentiu ao fazer a festa no Jamor, após ter vencido a antiga equipa que se mantinha invicta nas competições nacionais, esta época.

"Levantar aquela taça no Jamor, perante os nossos adeptos que fizeram questão de marcar presença e nos apoiaram incondicionalmente, foi uma sensação incrível e absolutamente inédita para o Torreense. A energia que vinha das bancadas era contagiante, um misto de orgulho e gratidão que me arrepiou por completo. Ver a alegria nos rostos dos nossos adeptos tornou aquele momento ainda mais especial e ficará para sempre gravado na minha memória", começou por dizer.

A assumir o papel principal no eixo defensivo do Torreense, Carolina Correia confessou que a ansiedade foi crescendo à medida que se aproximava o apito final, mas garante que "essa ansiedade nunca toldou a enorme vontade de viver cada segundo daquela experiência única".

A central de 23 anos afirmou que existia uma "crença profunda" na capacidade da equipa, bem como uma vontade de fazer parte de um capítulo histórico para o emblema.

Quando a vitória parecia estar entregue ao Benfica, a formação azul-grená renasceu e mostrou que quem é visto como 'underdog' pode ter sempre uma palavra a dizer. A tremenda eficácia em momentos cruciais levou a que as próprias jogadoras acreditassem que o desfecho só podia ser positivo, tal como revela a defesa central.

"O facto de termos conseguido manter a concentração e a organização defensiva, mesmo com o Benfica a pressionar, transmitia uma força coletiva muito grande. A forma como fomos resistindo e, nos últimos minutos, voltámos a igualar, retirando a esperança ao Benfica, alimentou em nós uma convicção cada vez maior de que o dia era nosso."

Quando questionada sobre as maiores valências do Torreense, a defesa garantiu que o grupo é "muito coeso e trabalha em conjunto na defesa e no ataque". Para além de lembrar a importância da organização tática e a disciplina em cumprir o plano de jogo, Carolina Correia destacou  a garra de cada jogadora e a humildade de a equipa se permitir surpreender pelo adversário.

"As principais chaves para a afirmação do futebol feminino passam por continuar a investir na formação, melhorar as condições de treino e apostar numa comunicação eficaz."

O Torreense tem sido a equipa que mais tem crescido, num curto espaço de tempo, no futebol feminino português, tendo passado de um 8.º lugar no Campeonato em 2023/24 para um 4.º lugar em 2024/25. A evolução foi premiada com a conquista da prova-rainha e as previsões para a próxima temporada são animadoras.

Carolina Correia assegura que os bons resultados são fruto do "trabalho árduo e consistente da estrutura" e lembrou que é importante que o clube continue a "acreditar no potencial da equipa feminina".

A jogadora de 23 anos comentou que a ascensão de outros clubes é importante para que a liga portuguesa se torne mais competitiva e mais equilibrada para que a evolução de todos os intervenientes seja um ciclo positivo para a modalidade.

Quando questionada sobre a receita para que a atratividade seja cada vez maior no futebol feminino em Portugal, Carolina Correia acredita que devem existir "mais jogos transmitidos, mais notícias e reportagens sobre a modalidade", bem como "um maior apoio financeiro aos clubes" para que possam haver "melhores infraestruturas e condições de treino".

O excelente momento coletivo e individual para a defesa central culminou na primeira chamada à Seleção A por Francisco Neto, tendo na próxima sexta-feira a oportunidade de se estrear pela Seleção das Quinas frente a Inglaterra em Wembley.