Silveira Ramos liderou nos últimos anos a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF). No entanto, para o ex-presidente do organismo, o “verdadeiro” líder da classe portuguesa no mundo do futebol tem sido José Mourinho.

Em entrevista ao SAPO Desporto, a propósito dos 50 anos do treinador português mais bem sucedido de sempre, Silveira Ramos realça o peso de uma «referência incontornável» no desporto. «Tem sido um representante de elevada competência e de estímulo para os outros companheiros, afirmando sempre a sua solidariedade para com outros colegas. Ele faz questão de levantar a bandeira de Portugal e tem sido um exemplo», defende.

Cerca de 12 anos após o início da carreira de Mourinho, a perceção da profissão de treinador é hoje diferente. E bem mais apelativa, no entender do diretor técnico da FPF. «Há um dado que podemos reconhecer quase como modelar: hoje vemos jovens em idade de prática do futebol que querem ser treinadores. Criou um apetite pela carreira de treinador e são muitos os jovens que se reveem nele e que querem imitar a sua imagem. É uma atração muito forte».

O sucesso contínuo alcançado em Portugal, Inglaterra, Itália e agora Espanha reflete um capital de experiência acumulado ao mais alto nível. E Silveira Ramos assume que essa evolução só foi possível pela renovação da ambição.

«Havia um pouco a ideia que o treinador era uma carreira efémera e que só o muito jovem é que era ambicioso. Ele veio demonstrar que uma carreira também faz evoluir o conhecimento. Não é só uma ambição momentânea; o traquejo faz dele um melhor profissional», reforça.

Questionado sobre o segredo do êxito de Mourinho, o dirigente federativo destaca a combinação das qualidades pessoais com a sua formação: «É atrevido, vivo, agressivo quando tem de ser e que encaixa bem na profissão de treinador. Depois, é a sua formação de base. Ele cumpre os princípios metodológicos do treino e está muito bem preparado mentalmente».

Silveira Ramos acredita ainda que Mourinho é fiel ao perfil de «bom malandro» dos treinadores portugueses. «É claramente um estratega. Mas alia a isso também uma boa preparação, mais moderna, e faz uma simbiose muito boa», afirma.

E o que se diz a alguém que comemora 50 anos de vida ao mais alto nível? «Que seja igual a si próprio. É o melhor abraço que lhe posso enviar. Que continue a ser como é, porque tem dado grandes contributos a Portugal e ao futebol português.»