Primeiro objetivo cumprido: Portugal bateu a República Checa, somou os seis pontos que almejava nas duas primeiras rondas caseiras da Liga das Nações e a liderança do seu grupo, antes de fechar este ciclo de jogos diante da Suíça, no próximo domingo.

Os checos acabaram por não ser o 'bicho papão' que se esperava, graças a qualidade defensiva de Portugal e a eficácia na frente. Cancelo voltou a marcar, Guedes entrou diretamente para o onze com um golo e Bernardo Silva voltou a espalhar magia com duas assistências para golo.

Terceira vitória seguida de Portugal diante dos Checos (Liga das Nações 22/23, Euro 2012, Euro 2008), em quatro jogos. A única derrota aconteceu no Euro1996, naquela 'chapelada' fantástica de Poborsky a Vítor Baía.

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O Jogo: Cinco minutos decisivos pela direita

A vitória diante da Suíça e o empate com a poderosa Espanha eram avisos mais que suficientes para o perigo que constituía esta República Checa. Não pelos valores individuais - muito longe dos seus melhores anos  - mas por ter um coletivo forte, muito bem organizado, e que dá muito trabalho às equipas de posse com a sua linha defensiva de cinco homens.

Se fosse a seleção de 2004 que perdeu nas meias-finais do Euro nos penáltis com a Grécia, a música podia ser outra. Essa seleção, treinada por Karel Bruckner, tinha nomes como Petr Cech, Marek Jankulovski, Tomas Rosicky, Pavel Nedved, Jan Koller, Milan Baros, entre outros).

E Portugal já mostrou mais que uma vez que tem dificuldades perante seleções com qualidade e que se fecham muito, como o próprio Fernando Santos já admitiu mais do que  uma vez -, pelo que era preciso eficácia. Numa fase difícil de uma época muito longa e num período de quatro jogos em onze dias, pede-se, acima de tudo, acerto defensivo e ofensivo em detrimento da qualidade, caso não seja possível 'casar' todos estes factores.

O golo de João Cancelo aos 33 minutos foi um 'peso que saiu dos ombros'. Feito o mais difícil - marcar -, Portugal afastava assim o perigo de um nervosismo que podia apoderar-se da equipa no segundo tempo, perante uma seleção que, ofensivamente, pouco ofereceu.

E o 2-0, cinco minutos depois, por Gonçalo Guedes, era a certeza que muito dificilmente os lusos perderiam o jogo. Sétimo golo do extremo na Seleção A, ele que não marcava desde 2019, quando deu a Portugal o título na primeira edição desta prova, diante da Holanda no Dragão.

Se não foi possível uma melhor exibição muito se deve aos checos, muito solidários e compactos a defender. Ainda criaram alguns calafrios, como um remate no primeiro tempo aos 31 minutos, que Diogo Costa defendeu para canto; e um contra-ataque de três para dois, desperdiçado com um remate para fora na segunda parte.

Portugal brilhou a nível defensivo, não permitindo as bolas longas que os checos tiveram diante da Espanha (2-2 em Praga) onde viram a vitória fugir nos descontos.

Ficam os três pontos e mais uma vitória de Fernando Santos no seu jogo 100 à frente da Seleção de Portugal.

Agora é fechar esta fase com 'chave de ouro' diante da Suíça no domingo com nova vitória e a manutenção do primeiro posto, para assim encarar os dois últimos jogos (em casa com a Espanha e fora com a República Checa) em setembro com mais tranquilidade, de forma a confirmar a vitória no grupo e passagem à final-four.

Momento-chave: Cancelo derruba a muralha

Portugal estava com muitas dificuldades para entrar no último reduto da Chéquia. A linha de cinco na defesa roubava espaço na profundidade, tão bem explorada por Portugal diante da Suíça. Na largura também era difícil porque rapidamente os jogadores basculavam para o lado onde a bola entrava e fechavam o espaço.

Pedia-se combinações e jogadores associativos capazes de arranjar espaço. E por falar em associativismos, a sociedade Bernardo-Cancelo, que tanto deu ao City esta época, também mostrou que funciona na seleção: passe do criativo, corrida e remate do lateral no lado do guarda-redes, já sem ângulo. Os dois já tinham fabricado o 4-0 diante da Suíça no passado domingo.

Os Melhores: Maestro Bernardo e uma defesa remendada que dá garantidas

Pelo segundo jogo seguido, Portugal não sofreu golos. Mais do que não sofrer, foi o pouco que foi concedido aos checos. Tirando um ou outro calafrio, Pepe e Danilo controlaram bem a zona central, Cancelo e Raphael Guerreiro pouco permitiram aos extremos. E as ajudas de William e Rúben Neves foram cruciais.

Bernardo Silva não marcou mas voltou a assistir, agora em dose dupla, sempre da mesma forma, a tirar partido da sua excelente visão de jogo: os golos de João Cancelo e Gonçalo Guedes saíram dos seus pés em dois passes fantásticos.

Em noite 'não': Checos prometeram mas não cumpriram

O empate com a Espanha era um aviso que Portugal tinha de levar a sério. A República Checa tinha deixado atributos em ataque rápido, com bolas em profundidade, mas diante de Portugal, pouco se viu.

Obrigado a ter de atacar mais para inverter o resultado, os checos só criaram perigo no segundo tempo no tal lance de contra-ataque, já mencionado, em superioridade numérica, e em outros dois lances na área, mas sempre longe de serem verdadeiras oportunidades de golo. Mérito da defensiva de Portugal.

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