Depois do empate a duas bolas na Luz, o Benfica terá de se apresentar ao mais alto nível esta terça-feira, em Amesterdão, para atingir os quartos de final da Liga dos Campeões, algo que não sucede desde 2015/16, quando se viu superado pelo Bayern Munique.

Na primeira mão, Tadic (18') e Haller (29') adiantaram o Ajax mais do que uma vez, sendo que o avançado franco-marfinense foi ainda o autor do primeiro tento dos encarnados. Roman Yaremchuk, na recarga de um remate de Gonçalo Ramos, fez o 2-2 final que deixou tudo em aberto.

Na altura, o Ajax, que venceu todos os jogos da fase de grupos da Champions, incluindo um 5-1 em Alvalade, e seguia numa série de 10 vitórias seguidas, parecia inacessível a um Benfica demasiado irregular, que, nos ‘mesmos’ 10 jogos, correspondentes à ‘era Veríssimo’, apenas somara quatro vitórias.

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Os encarnados esperam agora atingir esta fase da competição pela quinta vez na sua história, repetindo os feitos de 1994/95 (sob o comando de Artur Jorge), 2005/06 (Ronald Koeman), 2011/12 (Jorge Jesus) e 2015/16 (Rui Vitória).

A crença das 'águias' prende-se, também, com as boas indicações deixadas nos três jogos que se seguiram, nos triunfos com Vitória de Guimarães (3-0) e em Portimão (2-1) e até no empate com o Vizela (1-1), onde jogou quase todo o encontro com menos uma unidade, na sequência da expulsão de Taarabt.

Já o Ajax teve um percurso algo intermitente nos últimos jogos, nomeadamente nos três da Eredivisie – também venceu fora (2-0) o AZ Alkmaar nas meias-finais da Taça –, com uma derrota e duas vitórias tangenciais, ambas conseguidas com golos nos últimos minutos.

Para o duelo em Amesterdão, Nélson Veríssimo leva todos os jogadores disponíveis, com exceção dos lesionados Seferovic, Rodrigo Pinho e Lucas Veríssimo. O técnico volta a contar com Yaremchuk, recuperado de uma gripe, e com os defesas Otamendi e Gilberto, que, devido a problemas físicos, também falharam o jogo de sexta-feira com o Vizela.

Confronto direto

O Benfica tem as piores recordações dos confrontos com o Ajax, perante o qual já caiu três vezes, em duas eliminatórias diretas, há meio século, e na fase de grupos da Champions, em 2018/19. Os encarnados até venceram o primeiro encontro com os neerlandeses (3-1), em Amesterdão, na época de 1968/69, mas, depois disso, seguiram-se dois empates e quatro derrotas.

Em 1968/69, o Benfica mediu forças com um Ajax em ascensão, que se viria a sagrar tricampeão europeu (1970/71, 1971/72 e 1972/73), liderado pelo génio de Johan Cruyff. Nos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus, as 'águias' venceram a primeira mão por 3-1, mas o reencontro na Luz terminou com a vitória do Ajax também por 3-1, resultado que forçou um jogo de desempate, em Paris.

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No Estádio Colombes, o jogo acabou empatado após 90 minutos, mas, no prolongamento, o Ajax resolveu a eliminatória a seu favor (3-0), com um golo de Cruyff e um 'bis' de Danielsson. As duas equipa voltariam a defrontar-se três épocas depois, em 1971/72, com um triunfo por 1-0 dos neerlandeses em Amesterdão e um nulo em Lisboa.

Depois desses dois intensos confrontos, as duas formações só se voltaram a encontrar em 2018/19, na fase de grupos da Liga dos Campeões, em dois duelos em que os comandos de Rui Vitória não foram felizes.

O Ajax começou por vencer em casa (1-0) com um golo muito feliz – a bola desviou em Grimaldo e traiu Vlachodimos - apontado nos descontos, aos 90+2 minutos, por Noussair Mazroui, e, na Luz, registou-se um empate (1-1), com Jonas a colocar as 'águias' na frente e Tadic a restabelecer a igualdade no marcador.

Por seu lado, e muito por culpa de só ter somado um ponto – contra quatro – no confronto com os holandeses, o Benfica caiu na fase de grupos, como terceiro do Grupo E, atrás de Bayern Munique e Ajax, e à frente apenas do AEK Atenas.

O que dizem os treinadores

Erik ten Hag (Ajax): "Estou confiante na conquista de um bom resultado e na qualificação para os quartos de final. [No Estádio da Luz] houve coisas que fizemos bem e coisas que podemos fazer melhor. Podemos melhorar com bola, às vezes não terminamos bem as jogadas. Se fizermos isso, podemos dominar ainda mais a partida."

Nélson Veríssimo (Benfica): "Esperamos um jogo aberto, entre duas equipas que gostam de ter a posse da bola e de impor o seu jogo. Vamos jogar fora e esperamos uma entrada forte do Ajax. Temos de ser muito competentes, estar com níveis de ativação muito em cima, reconhecendo que o adversário é forte em alguns momentos no seu jogo ofensivo, mas também tem fragilidades. Temos de ser competentes no momento defensivo. Vamos defrontar uma equipa com qualidade, mas temos expectativas de fazer um bom jogo, ganhar e passar à fase seguinte."

O árbitro

O espanhol Carlos del Cerro Grande foi o árbitro designado pela UEFA para dirigir a partida em Amesterdão. Esta será apenas a segunda vez que o árbitro, de 46 anos, vai dirigir um jogo europeu dos encarnados, depois de ter estado no Zenit-Benfica, da fase de grupos da prova milionária, em 2019, que as águias perderam por 3-1.

Del Cerro Grande apitou já esta temporada um encontro de uma equipa portuguesa, no caso o Sporting-Borussia Dortmund (3-1), sendo que em fevereiro do ano passado também tinha arbitrado o FC Porto-Juventus (2-1), ambos na Champions.

O juiz espanhol terá como auxiliares Juan Carlos Yuste e Roberto Alonso Fernández, enquanto José Luis Munuera será o quarto árbitro. No VAR estarão Alejandro Hernández e Guillermo Quadra Fernández.

O Ajax-Benfica está marcado para as 20h00 desta terça-feira e pode ser acompanhado, ao minuto, no SAPO Desporto.