O Sporting saiu da Liga dos Campeões com a missão cumprida e com a consciência que não dava para mais, perante um dos principais candidatos a vencer a prova. Num jogo com pouca história, muito por culpa dos 0-5 sofridos em casa na 1.ª mão dos oitavos de final da prova, os campeões de Portugal deram uma boa imagem no relvado do Ethiad frente ao Manchester City,. mas aplicaram uma 'goleada' nas bancadas. Do primeiro ao último minuto só se ouviram os adeptos leoninos, num fantástico apoio à equipa, mesmo sabendo que a eliminatória estava resolvida.

No relvado, os de Amorim aguentaram as investidas de um poupado e desfalcado City para crescer no segundo tempo e ficar perto de fazer história em Inglaterra, não fosse Paulinho continuar de costas viradas para o golo. Rodrigo Ribeiro estreou-se na Champions aos 16 anos no campo do campeão inglês e ganhou uma história para toda a vida.

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O Jogo: Leão empata no relvado mas goleia nas bancadas

Três, vitórias, um empate, quatro derrotas, 14 golos marcados e 17 sofridos. Este é o resumo da melhor campanha de sempre do Sporting na Liga dos Campeões, finalizada na noite de quarta-feira com um empate a zero bolas diante do poderoso Manchester City.

A segunda presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões termina com um empate prestigiante, nesta que foi também a melhor campanha em termos de golos marcados. Em de 2008/2009 quando passou da fase de grupos pela primeira vez, o Sporting sentiu na pele os seus limites, ao ser afastado pelo Bayern Munique (0-5 e 1-7), numa Liga Milionária onde impera a lei do mais forte.

Com a eliminatória resolvida, esperava-se que Rúben Amorim lançasse mais jovens de início, como prometeu, mas o técnico quis segurar a equipa em termos anímicos e não deixa-la descaraterizada e à mercê de um impiedoso City que não ficava em branco em casa nas provas da UEFA há seis anos (0-0 com o Real Madrid nas 'meias' da Champions, em abril de 2016) e que tinha vencido todos os anteriores 10 jogos caseiros.

A história do jogo resume-se a um Sporting a aguentar todas as investidas de um pachorrento e misericordioso City, pouco dado a acelerações, principalmente no segundo tempo, quando a equipa partiu-se várias vezes e permitiu alguns contra-ataques do Sporting.

A missão de Rúben Amorim era evitar o descalabro da 1.ª mão, quando os campeões nacionais foram vergados em casa por uns claros 5-0. Resultados que deixam sempre marcas, numa equipa que não atravessa um bom momento e que ainda está na luta por um lugar na final da Taça de Portugal e pela revalidação do título nacional.

Liga Campeões 2021/22: Manchester City-Sporting
Liga Campeões 2021/22: Manchester City-Sporting Paulinho Paulinho aparece isolado mas remata contra Scott Carson créditos: @EPA/PETER POWELL

Os campeões ingleses tinham tudo tão controlado que até lançaram o veterano guardião Scott Carson no jogo, ele que se estreou na Champions pelo City, aos 36 anos. Tinha feito o seu único jogo na prova milionária há 17 anos, quando se estreou aos 19 anos pelo Liverpool.

Se no relvado os milhões do City evidenciavam-se, pelo domínio do jogo, nas bancadas os Leões deram uma mostra do seu potencial e fizeram a festa, calando os adeptos da casa. Um mar de gente verde e branco a cantar e a gritar pelo Sporting durante 90 minutos, numa eliminatória há muito resolvida. Impressionante! Os adeptos sabiam que este apoio seria importante, independentemente do resultado, de forma a não deixar cair a equipa, numa altura crucial da época. Como já tinham feito no final do jogo da 1.ª mão em casa. O lema 'Onde vai um, vão todos', bem podia ser adaptado para, 'Onde sofre um, sofrem todos'.

De recordar que esta foi a primeira vez que o City não venceu uma equipa portuguesa em casa. Os ingleses até estiveram à beira de perder, se Paulinho tivesse convertido a grande oportunidade que teve aos 77 minutos.

Destaque para a entrada do jovem Rodrigo Ribeiro no Sporting, que fez dele no segundo mais jovem de sempre a jogar na Champions pelo Sporting (16 anos, 10 meses e 10 dias), depois de Dário Essugo (16 anos, 8 meses e 24 dias). Este pódio fica completo com Gonçalo Esteves (17 anos, 9 meses e 11 dias), todos eles lançados esta época por Rúben Amorim.

Do lado do City, estrearam-se na Champions os jovens Conrad Egan-Riley e James McAtee, ambos com 19 anos, e Luke Mbete, com 18 anos. Fernandinho fez o seu jogo 100 na prova, os mesmos que o Sporting completou na Taça/Liga dos Campeões (29 vitórias, 21 empates e 50 derrotas, 132 golos marcados e 169 sofridos.

O Sporting despede-se assim da Champions com a moral em alta, 930 mil euros pelo embate e mais uma pequena contribuição para o ranking de Portugal na UEFA.

Momento-Chave: Scott Carson entra para travar Paulinho

O crescimento do Sporting no segundo tempo permitiu-lhe chegar mais vezes à baliza do Manchester City. Aos 77 minutos, Edwards assistiu Paulinho com um passe fantástico, o avançado internacional português rematou de primeira, contra o corpo de Scott Carson, guardião do City que tinha entrado dois minutos antes. Grande oportunidade perdida (mais uma esta época) por Paulinho.

Os Melhores: Neto e Adán a 'apagar fogos', Leões mandam nas bancadas

Neto fez uma das melhores exibições desde que chegou ao Sporting. O defesa internacional português revelou grande sentido posicional, esteve sempre no caminho da bola e teve intervenções decisivas, a evitar o golo dos cityzens em mais do que uma ocasião.
E quando a bola passada pela defesa, lá estava Adán a brilhar, como mostrou aos 25 e 37 minutos, quando negou o golo a Foden e Sterling. E no segundo tempo, quando foi chamado para manter a sua baliza zeros nos remates de Gabriel Jesus e Mahrez.

Fantástico ambiente criado pelos adeptos do Sporting no Ethiad. Claramente em minoria, os adeptos leoninos não pararam de apoiar a equipa do primeiro ao último minuto. Na maior parte do tempo, só se ouvia os cânticos de apoio ao Sporting vindo das bancadas. E quando havia uma decisão do árbitro que não agradava aos Leões, eram deles os assobios que calavam por completo os adeptos do City.

Em 'noite não': Paulinho e a baliza

Paulinho continua com esta relação estranha com as balizas. Apesar da sua utilidade no jogo da equipa, pela forma como recua, tabela com os companheiros e lança-os para o ataque, ou pelos movimentos de atração que permitem que os seus colegas ocupem o espaço que deixa, o avançado português mostra-se pouco efetivo na hora de finalizar. Teve duas boas oportunidades mas não soube aproveitar.

Reações:

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