Há jogos equilibrados. Jogos em que a bola teima em entrar e, quando entra, entra numa jogada estudada ou num lance fortuito. Este não foi um desses jogos. Foi um jogo de claro domínio azul-e-branco e, acima de tudo, de alguns grandes momentos de futebol. Quatro, para sermos precisos.

O FC Porto já havia sido superior em Basileia, mas nessa ocasião faltou eficácia que permitisse aos "dragões" partir para a segunda mão com maior folga. Não foi possível então, mas no jogo desta terça-feira, num Estádio do Dragão bem composto, o desfecho foi outro. Tenha sido por opção técnica ou não, o FC Porto apostou forte nos remates de meia e longa distância e foi bem sucedido.

Os quatro golos corresponderam àquilo que as estatísticas indicaram: um FC Porto dominador, com controlo da posse de bola e sem medo de rematar à baliza defendida por Tomáš Vaclík. Quando ainda corria o minuto 14 no Dragão, a vontade de arriscar começou a dar frutos. Brahimi foi chamado a cobrar um livre à entrada da área. Olhou para a bola, pensou na melhor forma de a colocar nas redes adversárias e executou com mestria, com um remate seco que evitou a barreira e deixou o guarda-redes pregado ao relvado.

O mesmo Brahimi, sempre irrequieto no ataque azul-e-branco, viria a assistir o mexicano Herrera para o segundo da noite, novamente um "tiro" de fora da grande área sem hipóteses de defesa para o guarda-redes do Basileia. Já corria o segundo tempo e os adeptos no Dragão já viam como certa a presença nos quartos-de-final da prova maior de clubes. A formação de Paulo Sousa não oferecia resistência, exceção feita às muito ocasionais tentativas de contra-ataque, sempre sem efeito.

A confirmação quase matemática surgiu com estrondo, aos 56 minutos, altura em que o brasileiro Casemiro assumiu a conversão de um pontapé de livre a cerca de 30 metros da baliza adversária. Quando se esperava que o médio pudesse tentar entregar a bola a um companheiro em movimento de ataque, a decisão foi outra. Casemiro quis arriscar. Foi com a bota à bola e colocou-a no canto superior esquerdo da baliza, com um míssil tele-guiado que o brasileiro não irá esquecer tão cedo.

A noite era de grandes golos e o camaronês Aboubakar, chamado a render o lesionado Jackson Martínez no "onze", não quis ficar de fora da festa. Arrancou por ali fora aos 76 minutos, protegeu a bola dos três defesas que o enfrentaram e atirou colocado para o quarto e último tento da noite. Estava consumada a goleada e os últimos minutos serviriam para gerir uma vantagem inequívoca, que lançou os "dragões" para a próxima fase da prova.

Sem qualquer hipótese para a formação suíça, como o próprio Paulo Sousa, treinador do Basileia, viria a admitir na conferência de imprensa. O técnico português destacou a qualidade do adversário a nível individual e coletivo e admitiu a superioridade do adversário em território azul-e-branco.

Já o espanhol Julen Lopetegui realçou o único ponto negativo da partida, a lesão do brasileiro Danilo, a quem fez questão de dedicar o triunfo. Elogiou o "caráter e ambição" dos seus jogadores que, disse, "treinam como animais" na preparação dos jogos.

Também o plantel portista lamentou a lesão de Danilo, que sofreu uma micro fratura no nariz e passou a noite no Hospital de S. João. Apesar desse contratempo, os jogadores azuis-e-brancos demonstraram toda a satisfação pelo claro triunfo conseguido esta terça-feira, que coloca já o FC Porto no lote das oito melhores equipas da presente edição da Liga dos Campeões.