Os gregos do PAOK, equipa orientada pelo técnico Abel Ferreira, estão no caminho do Benfica, segundo ditou o sorteio da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Irá ser, com certeza, um bom jogo, difícil para ambas as partes. Prevejo um Benfica muito balanceado no ataque e um PAOK compacto, com uma linha de cinco defesas, tentando aproveitar ao máximo os desequilíbrios defensivos do Benfica, através de contra-ataques e ataques rápidos.

A chegada do PAOK até a esta fase avançada da Liga dos Campeões é mérito sobretudo do Abel. Totalmente o responsável, juntamente com o seu staff técnico, pelo lugar em que se encontra. Teve a coragem, a humildade e a consciência de perceber que a mudança era necessária. Ele não procurou a mudança, ele próprio foi a mudança, sempre com disciplina, foco, determinação e resiliência.

Acredito que nós, treinadores, em muitos momentos temos de nos responsabilizar e tomar consciência de tudo o que nos rodeia. Este momento, para mim, é extremamente importante, é mágico, sobretudo quando tens resultados positivos que advêm da tua mudança. A motivação semeia-se em nós como se fôssemos chão fértil! E penso que este processo aconteceu com a equipa do Abel. Ao longo deste último ano, mudou o seu sistema de jogo, dinâmicas e princípios. Desde o 4x3x3, uma breve passagem pelo 4x233x1, à evolução para a linha de cinco defesas através do 5x4x1, até à atualidade do 5x3x2 / 5x2x3.

Só uma pessoa apaixonada e comprometida pelo seu trabalho poderia ter desenvolvido estes comportamentos táticos. O medo não o impediu de encarar novas situações, sabe perfeitamente qual o caminho a seguir. Tal como o Abel referiu recentemente, a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões não deve ser um sonho, mas sim um objetivo.

Acredito que, se conseguirem controlar um pouco melhor os momentos de jogo, sobretudo em fase defensiva, poderão criar bastantes dificuldades ao Benfica. Apesar de terem sofrido apenas um golo nos últimos cinco jogos oficiais, entendo que a coordenação entre a linha média e atacante, por vezes, não se encontra muito bem estruturada, fazendo com que se criem muitos espaços no setor intermédio. Como consequência, faz com que a sua linha defensiva de cinco homens se rompa com mais facilidade, porque os obriga a ‘saltar’ para a frente, sobretudo os laterais.

Contra uma equipa com bastante qualidade como a do Benfica, o PAOK não deverá arriscar em demasia no processo defensivo. A segunda parte do jogo contra o Besiktas, onde a equipa, em muitos momentos do jogo, jogou apenas com dois médios mais posicionais, fez com que criassem bastantes dificuldades para os colegas do setor defensivo. O Benfica estará mesmo à espera desse desequilíbrio no meio campo do PAOK para, através de passes verticais, jogar entrelinhas e depois acelerar o jogo, procurando a profundidade central, como aconteceu este domingo no seu jogo contra o Bournemouth.

Desejo sorte a ambos os treinadores portugueses e que proporcionem um bom espetáculo de futebol.