Entrada em falso do FC Porto na renovada Liga Europa. A derrota na Noruega contra o Bodo/Glimt na quarta-feira não compromete as aspirações portistas, mas deixa apreensivos os adeptos para os próximos encontros.

Agora será preciso pontuar nas deslocações aos terrenos de Anderlecht, Lazio e Maccabi Telavive e vencer ou não perder os jogos em casa diante de Manchester United (próximo adversário), Midtjylland, Olympiacos e TSG Hoffenheim para seguir para os oitavos de final da segunda prova de clubes mais importante da UEFA.

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O Jogo: Demasiados mansos

Quem diria que a deslocação do FC Porto ao norte da Noruega, bem perto do Ártico, resultaria numa derrota perante o modesto Bodo/Glimt? Mais surpreendente ainda é constatar que os dragões jogaram 40 minutos do segundo tempo com mais um jogador, altura em que aproveitaram para... sofrer mais um golo.

Vítor Bruno tentou explicar o desaire com a falta de agressividade, principalmente no primeiro tempo. E por aí se pode explicar, em parte, o mau jogo dos dragões, que foram para o intervalo a perder por 2-1 mas com apenas uma falta cometida - de Zé Pedro numa má abordagem num lance lateral com um avançado.

Sempre que os azuis e brancos perdiam a bola, eram castigados, com Patrick Berg a servir bem os avançados Jens Petter Hauge e Kasper Hogh. A falta de agressividade dos médios - Grujic muito passivo, Eustáquio longe da posição - mas também dos centrais, e o espaço deixado pelos laterais quando subiam, foram bem aproveitados pelos nórdicos para criarem os golos e mais alguns lances que podiam acentuar ainda mais a derrota.

A entrada até é boa, com o FC Porto a identificar os espaços entre os laterais e os centrais, quando Samu deixava a sua posição, vinha ao meio-campo e arrastava um dos defesas. Foi assim que surgiu o 1-0 do jovem espanhol e mais alguns lances de perigo.

Depois, estranhamente, o FC Porto começou a dar-se mal com a pressão dos homens do técnico Kjetil Knutsen, que pressionavam os jogadores do FC Porto desde a sua área. A falta de capacidade para ligar o jogo, deixava como solução o bater na frente, onde a superioridade era dos nórdicos.

Jogos recentes FC Porto

Quando o FC Porto aumentou a agressividade em bola (sete faltas cometidas na 2.ª parte, contra apenas uma do 1.º tempo), já estava atrás do prejuízo (3-1) e com o Bodo/Glimt mais acantonado perto da sua área para defender uma vitória histórica, apesar de tentar sair sempre que podia, mesmo com menos um jogador. Uma vitória tão histórica como os 6-1 aplicados à Roma de Mourinho, no Grupo C da Liga Europa 2021/22.

Mesmo que Deniz Gul tivesse empatado aos 90+5, já depois de ter reduzido na sua estreia a marcar pelos Dragões, aos 90 minutos, isso não esconderia o mau jogo portista, principalmente na reação a perda e na recuperação defensiva. Grujic (só passes para o lado e para trás, sem arriscar nada, sem transporte, sem agressividade) voltou a mostrar, mais uma vez, que não pode ser titular numa equipa do nível do FC Porto.

Dragões devem voltar à fórmula original diante Arouca no domingo para a I Liga, mas jogadores como Iván Jaime, Marko Grujic, Zé Pedro e Gonçalo Borges parecem ter perdido o comboio.

Quanto ao Bodo/Glimt, somou a 9.ª vitória seguida em casa e o 13.º jogo sem perder no seu estádio, numa altura em que caminha para revalidar o título norueguês. Lidera a Liga local com 50 pontos, mais sete que o segundo colocado, quando faltam sete rondas para acabar. Se vencer, será o quarto título de campeão nos últimos cinco anos.

Momento do jogo: 3-1... mesmo com menos um

A expulsão de Maatta aos 51 abria boas perspectivas para o FC Porto, já que, com mais um em campo, teria menos dificuldades para chegar ao empate e depois tentar vencer. Mas quem marcou, em inferioridade numérica foram os nórdicos. Lance de dois contra três, Jens Petter Hauge contra Zé Pedro e o mesmo desfecho: central portista fora do caminho e bola dentro da baliza de Diogo Costa.

Os Melhores: Hauge & Hogh, Lda. Uns diabos vikings à solta

Jens Petter Hauge mostrou porque é um dos craques da equipa e que não foi por acaso que passou pelo AC Milan em Itália e pelo Eintracht Frankfurt da Alemanha. Assistiu Kasper Hogh para o 1-1, fez o 2-1 e o 3-1, em dois lances onde mostrou inteligência e capacidade técnica apurada. Foi uma dor de cabeça para a defesa portista, principalmente para Zé Pedro.

Kasper Hogh empatou a partida, ganhou muitos duelos a Nehuén Pérez e Zé Pedro e segurou a bola quando era preciso, para dar tempo a equipa de se organizar e subir no terreno. O dinamarquês pareceu estar sempre muito a vontade na luta contra os defensores portistas.

E noite 'não': Iván Jaime inconsequente, Zé Pedro aos papéis

O afastamento de Otávio da equipa (segundo jogo sem estar no banco sequer) após má exibição diante do Farense para a Liga deu mais uma oportunidade a Zé Pedro. Esteve seguro nos 3-0 ao Vitória no fim de semana mas, na noite de quarta-feira, voltou a mostrar debilidades gritantes, principalmente na forma como abordou os lances de um-contra-um. Foi facilmente batido, tanto por Jens Petter Hauge como por Kasper Hogh, os autores dos golos dos noruegueses.

Iván Jaime voltou a ter uma oportunidade de se mostrar mas, após um grande arranque de época, começa a mostrar o porquê de ter caído das opções. Perdeu a bola que deu o 3-1, foi inconsequente nas suas ações, tal como Gonçalo Borges, a decidir sempre quase mal.

Reações

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