O português Carlos Queiroz vai tornar-se o segundo selecionador mais velho a atingir uma quarta fase final de um Campeonato do Mundo de futebol, ficando a apenas duas do técnico com mais presenças na competição.

Aos 69 anos, Queiroz vai participar pela terceira vez consecutiva num Mundial ao comando do Irão (2014 e 2018), depois de ter liderado Portugal na edição de 2010, na África do Sul, onde alcançou o seu melhor registo, chegando aos oitavos de final, na altura eliminado pela Espanha.

Será o nono selecionador da história a somar, pelo menos, quatro presenças em fases finais de mundiais, juntando-se ao brasileiro Carlos Alberto Parreira, ao sérvio (nascido na antiga Jugoslávia) Bora Milutinovic, aos alemães Sepp Herberger e Helmut Schön (o técnico com mais jogos em fases finais, num total de 25), ao inglês Walter Winterbottom, ao húngaro Lajos Baróti (passou pelo Benfica na década de 80), ao francês Henri Michel e ao uruguaio Óscar Tabárez.

Entre todos estes treinadores, apenas Tabárez – que recentemente deixou o comando do Uruguai, após 16 anos no cargo - chegou à quarta fase final em idade mais avançada do que Carlos Queiroz, uma vez que contava 71 anos na última edição da competição, em 2018, na Rússia, depois das presenças em 1990, 2010 e 2014.

Os restantes chegaram a um quarto Mundial com menos idade do que Carlos Queiroz: Walter Winterbottom (49 anos, em 1962, por Inglaterra), Bora Milutinovic (53 anos, em 1998, pela Nigéria), Carlos Alberto Parreira (55 anos, em 1998, pela Arábia Saudita), Henri Michel (58 anos, em 2006, pela Costa do Marfim), Helmut Schön (62 anos, em 1978, pela República Federal da Alemanha), Lajos Baróti (63 anos, em 1978, pela Hungria) e Sepp Herberger (65 anos, em 1962, pela República Federal da Alemanha).

Parreira, que soma 23 jogos em mundiais, continua a ser o treinador com maior número de participações em campeonatos do mundo, nomeadamente seis, e ao comando de cinco seleções diferentes: Kuwait (1982), Emirados Árabes Unidos (1990), Brasil (1994 e 2006), Arábia Saudita (1998) e África do Sul (2010).

O técnico, atualmente com 79 anos, que conduziu o Brasil ao ‘tetra’ em 1994, nos Estados Unidos, e que não treina qualquer equipa desde que deixou os sul-africanos, é seguido de perto por um ‘globetrotter’ do futebol mundial, o sérvio Bora Milutinovic, de 78 anos, que conta cinco presenças em fases finais, consecutivas e todas ao comando de diferentes equipas.

Além de ter treinado em mais de uma dezena de países, o treinador nascido na antiga Jugoslávia liderou as seleções de México (1986), Costa Rica (1990), Estados Unidos (1994), Nigéria (1998) e China (2002), num total de 20 partidas realizadas em fases finais.

Irão é um 'regresso a casa'

Depois de falhar a qualificação para o Mundial2022 de futebol ao leme de Colômbia e Egito, o português Carlos Queiroz vai mesmo participar pela quarta vez na carreira numa fase final, neste sey regresso ao comando do Irão.

O técnico luso, de 69 anos, liderou Portugal no Mundial2010, na África do Sul, e os iranianos, em 2014 e 2018, antes de assumir a liderança dos colombianos, em 2020, ao serviço dos quais resistiu apenas nove meses, totalizando 18 partidas.

Os últimos quatro encontros à frente dos ‘cafeteros’ foram todos a contar para a qualificação sul-americana para o Mundial2022, em que iniciou com um triunfo sobre a Venezuela (3-0), antes de ceder um empate com o Chile (2-2) e uma derrota com o Uruguai (0-3).

A goleada sofrida no Equador (1-6), na quarta ronda, ditou a saída de Queiroz, num desfecho que acabaria por se revelar infrutífero para a seleção colombiana, já que a equipa não conseguiu dar a volta à situação nos 14 encontros seguintes e ficou de fora da competição.

O treinador português dispôs de uma segunda oportunidade para atingir o Campeonato do Mundo, dessa feita ao assumir, em setembro de 2021, o Egito, o qual conduziu ao primeiro lugar do Grupo F da qualificação africana – com quatro vitórias e dois empates - e, por conseguinte, ao decisivo ‘play-off’.

Contudo, os ‘faraós’ acabaram por ser derrotados pelo Senegal no desempate por grandes penalidades e falharam a presença no Mundial, um mês depois de também terem perdido a final da Taça das Nações Africanas (CAN) para os senegaleses, igualmente nos castigos máximos.

Sem ‘passaporte’ para o Qatar, a saída do Egito foi o passo seguinte de Carlos Queiroz, que viu chegar do Irão a derradeira chance de participar no Mundial2022, quando faltavam três meses para o arranque da fase final.

Os iranianos já tinham assegurado o apuramento quando dispensaram Dragan Skocic e resgataram o português, que disse estar a “regressar a casa”, após uma primeira passagem pela seleção asiática entre 2011 e 2019.

No Mundial2022, que vai decorrer no Qatar entre 20 de novembro e 18 de dezembro, o Irão vai disputar o Grupo B, juntamente com Inglaterra, País de Gales e Estados Unidos.

Ao longo de 30 anos de uma carreira iniciada em 1991, Queiroz orientou seis seleções, já que esteve igualmente no comando dos Emirados Árabes Unidos (1999), da África do Sul (2000 a 2001) e da Colômbia (2019 a 2020), além de Portugal (1991 a 1993 e 2008 a 2010), Irão e Egito (2021 a 2022).

Depois de conquistar dois mundiais de sub-20 com Portugal, em 1989 e 1991, com a denominada ‘geração de ouro’, Queiroz foi o escolhido para levar a seleção principal ao Campeonato do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, mas falhou esse objetivo e abandonou o cargo, na altura, com críticas fortes à Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Seguiram-se três temporadas no Sporting (o máximo que conseguiu foi uma Taça de Portugal) e passagens pelos Estados Unidos (MetroStars), Japão (Nagoya Grampus), Emirados e África do Sul, até chegar a Inglaterra, em 2002/03, para ser adjunto de Alex Ferguson no Manchester United.

Na época seguinte, Queiroz foi o escolhido para comandar o Real Madrid, mas a aventura no emblema ‘merengue’, pelo qual conquistou a Supertaça de Espanha, apenas durou uma temporada, regressando no final a Manchester, novamente para ser o 'número dois' de Ferguson.

Em 2008, o antigo guarda-redes, nascido em Nampula, em Moçambique, regressou à seleção portuguesa, desta vez para render o brasileiro Luiz Felipe Scolari e garantir o apuramento para o Mundial2010, objetivo que foi cumprido.

Na África do Sul, Portugal caiu nos oitavos de final perante a Espanha (1-0), que viria a conquistar a prova, e Queiroz voltou a abandonar o cargo em conflito aberto com a direção da FPF, mas também com alguns jogadores lusos, como Cristiano Ronaldo ou Pepe.

Em 2011, o técnico chegou ao Irão, onde permaneceu oito anos, disputando dois mundiais em que ficou sempre pela fase de grupos.

No Brasil, em 2014, a seleção iraniana apenas alcançou um empate, mas, em 2018, na Rússia, Queiroz obteve um triunfo (1-0 sobre Marrocos), apenas o segundo da história desse país em campeonatos do mundo, e empatou com Portugal (1-1).