Data de Nascimento: 23/10/1940

Nacionalidade: Brasil

Presenças em Mundiais: 4 (1958, 1962, 1966, 1970)

Jogos em Mundiais: 14

Golos em Mundiais: 12

Títulos em Mundiais: 3 (1958, 1962, 1970)

O melhor futebolista de todos os tempos? A doutrina, como em tantas outras questões, divide-se. Mas Pelé tem um forte argumento a seu favor: é o único jogador a ter no seu currículo a conquista de três Campeonatos do Mundo como jogador. E não é apenas por isso que é conhecido como o ‘Rei’.

Terá marcado mais de mil golos na sua carreira, se considerarmos também jogos amigáveis e jogos não oficiais. Em encontros oficiais, dizem os registos, marcou 765 golos em 812 jogos. Mais do que isso, marcou uma era. A sua era. A era do ‘Rei’ Pelé, idolatrado no Brasil e conhecido, ainda hoje, nos quatro cantos do mundo. Um ícone da História do desporto e, naturalmente, um dos maiores 'cromos' (quiçá o mais valioso de todos) da História dos Mundiais de Futebol.

Dizem que pará-lo era quase impossível. Imprevisível, com uma capacidade de drible notável e letal no momento de finalizar, mostrou dotes futebolísticos nunca vistos até então. Rematava com igual eficácia com os dois pés e conseguia antecipar como ninguém os movimentos de seus adversários em campo. A sua história é lendária!

Do nascer da alcunha que todos conhecem ao êxito sem igual no Santos

Edson Arantes do Nascimento nasceu em 1940 em Três Corações, município brasileiro do estado de Minas Gerais. A alcunha de Pelé, 'reza a lenda', terá surgido quando tinha cinco anos. Desde muito novo fã de futebol, por influência do pai, que também era futebolista (ainda que pouco conhecido), não demorou muito a começar a jogar pelas ruas com outros meninos. E tinha jeito para guarda-redes! Prontificava-se sempre para ir à baliza quando era necessário e a cada defesa que fazia gritava o nome do seu guardião preferido: Bilé, que alinhava na equipa do pai.

Só que, fosse por um problema de dicção, fosse por ninguém saber muito bem quem era aquele guarda-redes, os colegas - que não entendiam bem o que ele dizia - em vez de Bilé passaram a chamar-lhe Pelé.

Por essa altura, já Pelé e a sua família tinham rumado a São Paulo, onde vivia com relativa pobreza, tendo de improvisar muitas vezes as bolas com que jogava nas ruas. Mais a sério, começou a jogar num clube chamado 7 de Setembro, até que um dia foi prestar provas ao Bauru Atlético Clube. Tinha, então, apenas 11 anos e já mostrava dotes fora do normal. Tornou-se numa das referências da equipa, que cresceu a olhos vistos com a sua chegada. Aos 15 anos deu o salto para o Santos e não tardou a chegar a titular da equipa principal daquele clube paulista.

No Santos, que representaria por 18 temporadas, marcando 642 golos, viria a ganhar tudo o que havia para ganhar, incluindo duas Taças Libertados e duas Taças Intercontinentais. A estreia pela seleção principal do Brasil, obviamente, também não demorou muito.

Pelé
Pelé

Promessa ao pai cumprida…a triplicar

Foi em 1957 que se estreou pela 'canarinha', tornando-se então no mais jovem jogador de sempre a fazê-lo. A estreia foi no mítico, frente à eterna rival Argentina, e Pelé saltou do banco para marcar o golo do empate. Tinha apenas 16 anos e nove meses...

Estava dado o primeiro passo para o cumprir de uma promessa que havia feito ao pai sete anos antes, ao vê-lo em lágrimas após a dramática derrota do Brasil na final do Mundial de 1950, frente ao Uruguai. "Não chores, pai! Eu vou ganhar um Mundial para ti!", terá dito na altura. E assim o fez, logo em 1958!

Pelé foi convocado para o Campeonato do Mundo que decorreu na Suécia 1958, mesmo tendo estado pouco tempo antes a contas com uma lesão num joelho, a qual o afastou dos dois primeiros jogos da fase final. Alinhou, depois, no terceiro, frente à URSS, com o Brasil a vencer por 2-0. Discreto, Pelé fez ainda assim a assistência para o segundo golo 'canarinho'.

Num Brasil onde pontificavam nomes como Garrincha ou Vavá, Pelé voltou a ser titular no jogo seguinte, nos quartos-de-final, frente ao País de Gales. E foi dele o golo do triunfo por 1-0. O primeiro dos 14 que viria a marcar em fases finais de Campeonatos do Mundo.

Nas meias-finais, contra a França, Pelé afirmou-se em definitivo, ao assinar um hat-trick num triunfo por 5-2 da seleção sul-americana. Passaporte carimbado para a final, ante a anfitriã Suécia: aí, nova vitória por 5-2, mais dois golos de Pelé e primeiro título de Campeão do Mundo para o 'Rei' e para o Brasil.

Quatro anos depois, no Mundial do Chile, em 1962, Pelé viu a sua participação prejudicada por uma lesão, mas deixou a sua marca. Por essa altura, já era visto por todos como o melhor jogador do mundo e foi fundamental logo na vitória inaugural por 2-0, sobre o México, ao assinar o segundo golo, com uma fantástica jogada individual. Só que Pelé lesionou-se no jogo seguinte, frente à Checoslováquia e não voltaria a jogar no torneio. Ainda assim, o Brasil - com Garrincha a assumir o papel de estrela - sagrou-se bicampeão do mundo e Pelé somava mais um Mundial ao seu currículo.

No Mundial 1966 Pelé era já em definitivo um astro à escala mundial e o Brasil partia como grande favorito. Só que Pelé viu-se alvo de marcação cerrada e impiedosa dos adversários, sofrendo inúmeras faltas duras. Lesionou-se na primeira jornada da fase de grupos, contra a Bulgária, e não participou do segundo jogo, contra a Hungria. Regressou no terceiro e decisivo jogo, contra Portugal, mas voltou a lesionar-se, na sequência de duas faltas quase consecutivas do português Morais.

O Brasil ficou pelo caminho logo na primeira fase, mas ainda assim Pelé fez história: marcou de livre direto no jogo com a Bulgária e tornou-se então no primeiro jogador a marcar em três Mundiais. Após esse jogo, contudo, anunciou - aos 26 anos - a intenção de não jogar mais nenhum Campeonato do Mundo, por considerar não tinha sorte no torneio, em alusão às lesões sofridas em 1962 e 1966.

Mas Pelé reconsiderou e acabou por voltar atrás com a sua intenção, marcando presença no Mundial de 1970. E em boa hora o fez! Surgiu no México em grande forma, numa Seleção de sonho do Brasil, treinada por Zagallo e que contava também com jogadores como Rivellino, Jairzinho, Gérson ou Tostão.

Na primeira partida, contra a Checoslováquia, Pelé fez uma assistência e um golo (marcava assim golos em quatro Mundiais distintos). Desse jogo fica ainda na memória de todos um lance mítico, quando Pelé tentou um chapéu ao guarda-redes contrário ainda antes do meio-campo, falhando por muito pouco. No segundo jogo fez a assistência para o único golo da partida, numa vitória por 1-0 sobre a Inglaterra, e no terceiro bisou num triunfo por 3-2 sobre a Roménia.

O Brasil superou, depois, Peru nos quartos-de-final e Uruguai nas meias-finais, com Pelé a 'ficar-se' por uma assistência em cada um desses jogos, antes de bisar na final, que terminou com uma vitória por 4-1 sobre a Itália. O Brasil era tricampeão mundial...e Pelé também. Um feito que mais ninguém logrou até hoje!

Pelé depois da conquista do Mundial de 1970
Pelé depois da conquista do Mundial de 1970 Pelé depois da conquista do Mundial de 1970

E depois dos Mundiais? Passagem pelos EUA e uma lenda para a eternidade

Pelé viria a disputar o seu último jogo pelo Santos em 1974. Mas não pendurou aí as chuteiras, aceitando rumar aos EUA e ao New York Cosmos, que lhe pagou um valor astronómico num altura em que os norte-americanos tentavam lançar o seu 'soccer' para outros patamares.

Apesar de longe do seu auge, ajudou a fazer crescer o interesse pela modalidade e marcou 37 golos pelo clube de Nova Iorque e ajudou-o a sagrar-se campeão. A 1 de outubro de 1977 colocou, definitivamente, ponto final na carreira, num jogo amigável contra o Santos em que jogou uma parte por cada equipa.

Depois de pendurar as chuteiras foram inúmeras as distinções que recebeu e que consagraram a sua carreira em campo, entre elas uma Bola de Ouro honorária por parte da FIFA. Uma carreira com a qual deixa um legado ímpar no futebol. Desde o adeus aos relvados, soube sempre aproveitar a sua visibilidade, seja para contribuir para causas solidárias, seja para participar em inúmeras campanhas publicitárias e de marketing ou até - pelo meio - para dar uns passos no cinema. Aos 82 anos de idade, a contas com graves problemas de saúde, as aparições públicas são cada vez mais escassas e o povo brasileiro começa a preparar-se para o pior...mas jamais o seu nome deixará de ser recordado como um dos melhores futebolistas de todos os tempos, se não mesmo o melhor!

Pelé e as três taças de campeão do mundo
Pelé e as três taças de campeão do mundo @Facebook FIFA World Cup