Campeã em 1978, em casa, e em 1986, após um inesquecível ‘solo’ de Maradona, no México, a formação sul-americana vai procurar o ‘tri’, também por Messi, que, aos 35 anos, se quer despedir dos Mundiais em ‘grande’, depois de ter perdido a final de 2014, a terceira em que os ‘albi-celeste’ tombaram, como em 1930 e 1990.
Por seu lado, a França, campeã pela primeira vez em 1998, também em casa, com duas ‘cabeçadas’ de Zidane no Brasil, tenta revalidar o título, o sucesso de 2018, algo que só Itália (1934 e 1938) e Brasil (1958 e 1962) conseguiram, sob o comando do ‘miúdo’ Kylian Mbappé, que se pode sagrar bicampeão mundial aos 23 anos.
Companheiros de equipa no Paris Saint-Germain, e separados por 12 anos, Messi e Mbappé são os ‘rostos’ dos dois conjuntos, as suas grandes figuras, os seus elementos mais desequilibradores, mas ambos ‘instalados’ em conjuntos de grande qualidade.
A Argentina conta apenas uma derrota - precisamente a abrir o Mundial2022, com a Arábia Saudita (1-2) – nos últimos 42 jogos, num trajeto em que ganhou a Copa América, com um triunfo na final sobre o Brasil, em pleno Maracanã (1-0, em 2021), e ainda a Finalíssima, face à campeã europeia Itália (3-0, já em 2022).
Por seu lado, a França é a campeã em título e, mesmo desfalcada de jogadores muito importantes, como Kanté, Pogba e Benzema, está de novo na final, num trajeto em que foi sempre melhor do que qualquer dos adversários que defrontou: como em 2018, nunca precisou de mais de 90 minutos para ‘despachar’ cada um.
No Qatar, os argentinos começaram da pior forma, mas o desaire a abrir talvez tenha sido o melhor que aconteceu aos sul-americanos, que tiveram de se unir ainda mais, de cerrar fileiras, já que começaram a jogar ‘finais’ ao segundo jogo.
Essa derrota também fez o selecionador Lionel Scaloni alterar o ‘onze’, sendo que, jogadores como Julián Álvarez, o benfiquista Enzo Fernández e Mac Allister, e ainda o ex-‘leão’ Acuña, todos determinantes neste percurso, começaram a prova como suplentes.
Na globalidade, os argentinos mostraram um conjunto forte, coeso, nomeadamente na defensa, sob a liderança do benfiquista Otamendi e com um Emiliano Martínez a dar toda a segurança na baliza, e perigoso na frente, com Messi (cinco golos e três assistências) e Álvarez (quatro golos) em destaque.
A formação ‘albi-celeste’ também foi uma equipa ‘camaleónica’, capaz de mudar de sistema – nomeadamente de 4-4-2 para 5-3-2 ou 3-5-2 – entre jogos e no próprio jogo, adaptando-se aos adversários e às suas próprias necessidades.
O trajeto da França foi bem diferente, já que os campeões, mesmo perdendo Benzema antes do arranque da prova e Lucas Hernández logo no início da estreia, começaram pujantes, selando o apuramento após dois jogos (4-1 à Austrália e 2-1 à Dinamarca).
Desta forma, o selecionador Didier Deschamps colocou uma equipa ‘B’ contra a Tunísia, o que, em parte, explica a única derrota (0-1) dos gauleses, no ‘adeus’ à fase de grupos.
A eliminar, os franceses retomaram o rumo, superando com facilidade a Polónia (3-1) e com grandes dificuldades a Inglaterra (2-1), num jogo em que Harry Kane desperdiçou um penálti para fazer o 2-2, aos 84 minutos, antes de, também com felicidade – dois golos de ressaltos – afastarem Marrocos (2-0).
Mbappé, apesar de algo ‘desaparecido’ nos últimos dois jogos, tem sido a grande figura dos gauleses, uma equipa com grande consistência, na defesa, com o ‘central’ Koundé à direita e Lucas Hernández à esquerda, e no meio-campo, com Tchouaméni e Griezmann, decisivo em novas funções, mais recuado.
Colocando as duas formações na ‘balança’, esta não parece inclinar claramente para nenhum dos lados, pelo que se projeta um jogo equilibrado, que tanto pode ser decidido pelo poder do coletivo como por alguma ação individual, em detalhes.
A França tem a seu favor uma menor urgência em ganhar, e as boas recordações de 2018, no qual passou pela Argentina (4-3 nos ‘oitavos’) no caminho para o título, enquanto os ‘albi-celestes’ contam com mais um dia de descanso e, previsivelmente, um maior apoio por parte do público que encherá o Estádio Lusail.
Certo, assim parece, é que, aconteça o que acontecer, o Mundial, a mais importante das competições, vai despedir-se de um dos maiores: no jogo 1.058 oficial da carreira, desde que se tornou sénior, em 2002/03, Messi vai tentar acrescentar algo aos seus 818 golos e 346 assistências, e concretizar o seu sonho.
A final da edição 2022 do Mundial de futebol, entre a Argentina e a França, realiza-se no domingo, pelas 18:00 locais (15:00 em Lisboa), no Estádio Lusail, no Qatar, com arbitragem do polaco Szymon Marciniak.
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