Quatro organizações não-governamentais protestaram hoje em frente à sede da FIFA, em Zurique, para pedir àquele organismo que proteja os direitos da comunidade LGBTQI+ no Qatar, país que acolhe o Mundial de futebol este ano.
A All Out, a Pink Cross, a Organização Suíça de Lésbicas e a Rede Transgénero da Suíça organizaram uma espécie de jogo de futebol, com personagens representativas das várias instituições ligadas ao Mundial, em Zurique, para chamar a atenção para os direitos da comunidade no Qatar, onda a homossexualidade é crime.
“Com esta ação, pedimos às seleções, aos jogadores e aos patrocinadores que mostrem o seu apoio e se comprometam com os nossos direitos no Qatar”, declarou Justin Lessner, representante da All Out.
Para o líder da Pink Cross, Gaé Colussi, “depende da FIFA tomar responsabilidade e de facto agir por estes direitos, pela defesa de LGBTQI+ no Qatar, e não só os adeptos”.
Hoje, um embaixador do Mundial, Khalid Salman, classificou a homossexualidade como "um distúrbio mental", e declarou que qualquer adepto que viaje para aquele país terá de "aceitar" as regras do Qatar, numa altura em que a FIFA tem pedido, nomeadamente numa carta aberta, que as atenções se virem para o futebol, instando federações e jogadores a absterem-se de declarações políticas e cívicas.
Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações e estimativas apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.
Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade gay e trans, tendo em conta a perseguição de que são alvo em solo qatari.
Em maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às seleções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.
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