A goleada por 7-0 face à Coreia do Norte foi a exceção à regra no trajeto de Portugal no Mundial de futebol de 2010, uma equipa com demasiadas preocupações defensivas, que caiu ao único golo sofrido.

Um tento do espanhol David Villa, que hoje não passaria no ‘crivo’ do VAR, por fora de jogo, fez o ‘onze’ de Carlos Queiroz cair nos oitavos de final, depois de uma fase regular com dois ‘nulos’, com Costa do Marfim e Brasil, a abrir e fechar.

Se só sofreu num dos quatro jogos, selando o seu melhor registo defensivo em Mundiais (quatro sofridos em 1986 e 2002, em três jogos), Portugal também só marcou num deles, com a frágil seleção norte-coreana, à qual marcou por seis vezes na segunda parte.

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O guarda-redes Eduardo, então jogador do Sporting de Braga, acabou, assim, por ser a grande figura lusa e um dos poucos jogadores da formação das ‘quinas’ a brilhar na África do Sul, juntamente com o lateral esquerdo Fábio Coentrão.

Além de Eduardo e Coentrão, foram totalistas (360 minutos) os centrais Ricardo Carvalho e Bruno Alves e o avançado Cristiano Ronaldo, sendo que também o médio Raúl Meireles (329) cumpriu como titular os quatro encontros lusos.

No que respeita a desilusões, a maior foi, claramente, o ‘capitão’ Cristiano Ronaldo, ao ficar-se por um mísero golo, e aos trambolhões, repetindo o registo de 2006 – então marcou de penálti, face ao Irão.

Ronaldo chegava ao Mundial embalado por uma primeira época (2009/10) promissora ao serviço do Real Madrid, na qual conseguiu 33 golos, em 35 jogos, ainda que não tenham servido para conquistar qualquer competição.

Face à quase ‘abstinência’ de Ronaldo, que só marcou dois golos na segunda ‘era’ Carlos Queiroz – o outro de penálti, num particular com a Finlândia -, o melhor marcador português acabou por ser o médio Tiago, único a ‘bisar’ face à Coreia do Norte.

A presença lusa no primeiro e único Mundial realizado em África ficou igualmente marcada por ‘casos’, com início no afastamento do lesionado Nani, que em Lisboa disse que numa semana estaria recuperado, seguindo-se Deco, a contestar as opções de Queiroz após o empate na estreia, com a Costa do Marfim.

Na despedida, ainda ficou um “perguntem ao Queiroz” de Cristiano Ronaldo, em resposta ao que tinha falhado na eliminação com a Espanha.

O pragmatismo da seleção lusa começou logo na qualificação, após a derrota com a Dinamarca, em Alvalade, num encontro em que Portugal fez 80 minutos de altíssimo nível e com ‘nota artística’, mas acabou derrotado por 3-2.

Portugal tinha começado a qualificação com uma goleada em Malta, por 4-0, jogava um futebol atrativo, mas os últimos 10 minutos do encontro com os dinamarqueses mudaram a equipa das ‘quinas’.

Seguiram-se três ‘nulos’ (dois com a Suécia e um, surpreendente, na receção à Albânia) e um sofrido triunfo em Tirana, por 2-1, com um golo de Bruno Alves já nos descontos.

Depois do central, os heróis seriam dois luso-brasileiros, o avançado Liedson, ao marcar aos 86 minutos o golo do empate na Dinamarca, e o central Pepe, que deu o triunfo na Hungria.

A veia goleadora só ressurgiu nos dois últimos encontros, com a Hungria (3-0), num dia em que Portugal festejou a vitória da Dinamarca na Suécia, que abria as portas do ‘play-off’, e com Malta (4-0).

No ‘play-off’, duas vitórias por 1-0 sobre a Bósnia-Herzegovina, com golos de Bruno Alves, na Luz, e de Raul Meireles, no ‘batatal’ de Zenica, bastaram para Portugal somar a terceira participação consecutiva em fases finais do Mundial.

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